São Paulo (AUN - USP) - Recentemente, o Instituto de Psicologia teve um encontro sobre o tema Atuação interdisciplinar na Defensoria: uma prática possível?,com a participação da psicóloga Marília Marra e das assistentes sociais Melina Miranda e Daniely Vaiana e coordenação da professora e psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico da USP Maria Cristina Rocha. Os encontros têm como objetivo discutir temas ligados ao atendimento população em sofrimento psíquico em equipamentos públicos.
Melina iniciou a discussão explicando um pouco do papel da Defensoria Pública. Em nível estadual, ela é prevista desde a Constituição de 1988, mas só foi implantada muito tardiamente, em 2006, graças à pressão de movimentos sociais. A ideia é prover assistência jurídica a população de baixa renda e, mais que isso, atuar no acesso e promoção de direitos numa forma integral. Marília complementou dizendo que esse acesso aos direitos não se limita apenas à atuação do defensor. Nesse contexto estão presentes os Centros de Atendimento Multidisciplinar, compostos prioritariamente por psicólogos e assistentes sociais, e que visam essa garantia integral de direitos.
Melina também falou sobre o serviço social, procurando esclarecer alguns mitos e preconceitos que rondam a profissão. Segundo ela, o assistente social está envolvido com a formulação, gestão e execução de políticas públicas e com a preservação e ampliação dos direitos dos cidadãos. Daniele ressaltou o aspecto do direito: o assistente não está fazendo um favor ou uma caridade, mas assegurando que este seja cumprido.
Falando de como isso se manifesta na Defensoria, Daniele falou que o serviço social está acostumado a incentivar a prática multidisciplinar que se pretende fazer na Defensoria com a ação conjunta de psicólogos, advogados e assistentes sociais. A perspectiva de defesa dos direitos humanos faz com que muitas pessoas procurem e sejam atendidas pela instituição com demandas que não as jurídicas.
Marília afirmou que, quando o trabalho iniciou (o primeiro concurso para assistentes sociais e psicólogos é de 2010), elas entraram num terreno de muita indefinição, tendo que dar conta de muitas atribuições, o que foi bom, já que havia uma maior flexibilidade. Essa situação permitiu que cada profissional, na sua realidade, desse uma cara própria para os Centros de Atendimento Multidisciplinar e, mais, que se aprendesse com o diálogo entre as diferentes profissões.