São Paulo (AUN - USP) - Sempre chamou a atenção da professora Yara M. Carvalho a idéia de que atividade física produz saúde. Durante a sua formação acadêmica, iniciada em 1986, intrigava-a o fato de que mesmo praticando atividades físicas, as pessoas adoeciam. Profissional formada em Educação Física pela Unicamp, especializada em Saúde Pública, mestra em Educação Física e doutora em Saúde Coletiva, Yara coordena hoje o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Física e Saúde Coletiva na EEFE – USP. O núcleo desenvolve estudos e projetos que agregam duas linhas de pesquisa: educação física e saúde coletiva, e estudos do lazer e do lúdico. Ambas abordam como a educação física pode promover a saúde das pessoas, seja através dos exercícios, seja através de brincadeiras.

Historicamente, a educação física sempre foi uma área mais ligada às ciências biológicas e exatas. Foi a partir da década de 80 que começou um movimento organizado para voltá-la também às ciências humanas e sociais. Com valores diferentes do chamado “esporte-rendimento”, em que a competição e a individualidade falam mais alto, o esporte baseado na recreação tem na sociabilidade e na construção de vínculos os seus pilares.Yara afirma que aprender a cuidar do corpo e promover a saúde através da educação física faz parte dos estudos, envolvendo um trabalho interdisciplinar em que atividade física, lazer e saúde pode ter resultados bastante interessantes e recompensadores.

Outra questão estudada pelo núcleo coordenado pela professora Yara é a mania de culto ao corpo e a comunicação através das imagens apelativas, feita, por exemplo, pelas revistas que visam principalmente o público feminino, sempre com a mesma proposta: exercícios em busca da mera perda de calorias. Segundo Yara, o mais importante é entender os motivos da prática e como a perda de calorias feita com consciência pode levar a uma vida mais saudável.

Os estudos do núcleo incluem uma parceria com o Centro de Saúde-Escola da USP, no qual programas de práticas corporais são desenvolvidos com pessoas de comunidades próximas à universidade que procuram ajuda. O objetivo é mostrar que muitas vezes uma intervenção clínica-médica é desnecessária quando o problema pode ser resolvido com a prática de alguns exercícios. A movimentação do corpo pode ser feita através de dança, capoeira, esportes e até mesmo atividades lúdicas.

O sucesso do programa com as comunidades teve repercussão nos Ministérios do Esporte e da Saúde, em que a professora tem atuado como consultora. Um projeto nacional envolvendo esporte, lazer e saúde está sendo estruturado, e aprender a cuidar do corpo incorporando na vida diária hábitos mais saudáveis é o principal objetivo.

Estão envolvidos nos estudos do núcleo e nos projetos, profissionais das mais variadas áreas, como sociólogo, matemático, fisioterapeuta e pedagogo, o que garante uma visão ainda mais ampla da saúde ligada à educação física.