ISSN 2359-5191

18/08/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 08 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Interpretação dos dados do IBGE pode induzir a erro

São Paulo (AUN - USP) - A recuperação econômica anunciada pela mídia e comemorada pelo governo está entrando em seu terceiro mês de boas notícias. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial do Brasil cresceu 13 % em junho, comparando-se com o mesmo período do ano passado. O desemprego recuou pelo segundo mês consecutivo, passando de 13,! % da PEA (População Economicamente Ativa) em abril para 11,7 % dois meses depois, o que significa 1,034 milhão de empregos criados (saldo entre os 5,69 milhões de admissões e os 4,66 milhões de demissões realizadas no primeiro semestre do ano).

Além disso, o rendimento médio do trabalhador aumentou 1,8%, atingindo R$886,60, melhor valor desde agosto do ano passado. O número de trabalhadores com carteira assinada aumentou, as empresas que pediram falência diminuiram, o consumo de bens básicos - indicador de que a melhoria econômica chegou às camadas mais baixas da população – cresceu e a importação de maquinaria industrial também aumentou – o que demonstra uma confiança na recuperação econômica do país.

No entanto, segundo o professor de economia Kleber Oliveira Martin é preciso ter cuidado na análise de tais dados. O professor alerta para o fato de que, embora a economia esteja de fato se recuperando, alguns dados não podem ser deixados de lado. Dentre eles está o divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) com relação às novas vagas de emprego criadas: Sete em cada dez trabalhadores que entraram no mercado de trabalho com carteira assinada ou voltaram para ele entre janeiro e junho deste ano receberam de meio (R$ 130) a dois salários mínimos (R$ 520). É o chamado achatamento salarial, em que um trabalhador é substituído por outro que ganha menos e realiza o mesmo serviço.

Segundo José Silvestre, supervisor do Dieese, "O país está gerando mais emprego com carteira assinada, mas a qualidade desse emprego é precária ". Segundo o mesmo levantamento, 38,76% do total de vagas abertas no primeiro semestre ofereciam remuneração na faixa de 1,01 a 1,5 salário mínimo.

O professor Kleber alerta ainda para os critérios nos quais a pesquisa do IBGE se baseou. “Cada instituto tem uma metodologia diferente e específica. Há que se analisar qual foi ela, o que ela abrange, e qual a base de comparação, caso contrario poderemos incorrer em erro”. A pesquisa em questão é realizada em 14 áreas brasileiras, entre regiões e estados. Com relação à produção da indústria, o IBGE incluiu em abril deste ano setores que antes não eram contemplados, como a indústria de celulares, de transmissores, de CDs, entre outras. Foram ainda incluídos os estados do Pará, Goiás e Amazonas. Além disso, o novo modelo passou a ter como base as pesquisas anuais feitas entre 1998 e 2000, enquanto antes a base era o Censo Industrial de 1985. “Com uma diferente metodologia e novos critérios fica muito difícil fazer uma comparação segura e precisa”, diz o professor.

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