ISSN 2359-5191

14/09/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 85 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Biociências
Proteína da bactéria da laranja pode ser fonte para combatê-la

São Paulo (AUN - USP) - A Xylella fastidiosa, bactéria que habita plantas, como a laranjeira, ou outras como amendoeiras e videiras, tem deixado agricultores locais preocupados. Agente responsável por doenças nesses seres, como ela se localiza no xilema, tecido das plantas portadoras de vasos, por onde circula a chamada seiva bruta – água e sais minerais dissolvidos –, desde a raiz até as folhas.

O tema é a base da pesquisa de Thiago Alegria, do Instituto de Biociências (IB) da USP, que buscou caracterizar uma proteína desse tipo de invasor – Ohr – e encontrar maneiras de combater as suas ações, entre elas, a Clorose Variegada dos Citros (CVC), a doença “amarelinho”, transmitida por algumas espécies do inseto cigarrinha.

Uma das causadoras dos maiores prejuízos da produção de laranja dos estados de São Paulo e Minas Gerais, a bactéria e as substâncias produzidas por ela entopem os vasos da planta, que ficam sem a circulação de água e nutrientes. Isso deixa os frutos duros, pequenos, maduros precocemente e com aparência de queimados, tornando-os sem utilidade para o comércio.

As primeiras plantas detectadas com a CVC datam de 1987, em pomares do Triângulo Mineiro e norte e nordeste de São Paulo. Pesquisas mostram que em 2000, a extensão de infectados havia crescido 90%. Com o impacto econômico e a falta de métodos específicos para o controle da bactéria, começaram grandes estudos para um entendimento melhor da doença. Thiago, hoje especialista em laboratório do IB, desenvolveu ao longo de 2009 a 2011 uma dissertação de mestrado a partir da proteína liberada pela própria bactéria durante a invasão para tentar combatê-la.

Durante a interação entre a planta e a Xylella, a planta realiza uma produção exagerada de oxidantes, compostos de oxigênio, na tentativa de eliminar o agente da doença de seu organismo. Para se defender, a planta produz compostos microbicidas, entre eles, os hidroperóxidos, e as bactérias, por sua vez, compostos que reagem com o oxigênio, a fim de fortalecer sua membrana.

A enzima Ohr é um desses compostos, um possível alvo para a produção de uma droga que possa combater a bactéria. A ideia da pesquisa é entender como essa proteína age para descobrir como inibir a sua atividade, impedindo que o invasor se defenda do ataque de proteção da planta.

Devido à grande afinidade entre essa enzima e os oxidantes produzidos pela planta, identificados em testes de compostos sintetizados no Instituto de Química (IQ) da USP, parceiro nesses tipos de pesquisa, foi possível selecionar um composto capaz de afetar o crescimento e proteção da bactéria. O pesquisador ressalta que os testes foram feitos in vitro, em um ambiente fechado e controlado de laboratório, e que ainda é necessário muito estudo e análise com maior precisão tanto sobre as características da bactéria, como da proteína descoberta.

Mesmo que esses dados façam apenas partes de estudos que ainda estão sendo confirmados, é importante lembrar que, apesar de não-lucrativas, existem formas de combater a doença, como a poda, a eliminação das plantas doentes e mais antigas e a utilização de inseticidas.

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