ISSN 2359-5191

25/08/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 09 - Saúde - Instituto de Pesquisas Energéticas
Irradiação de protozoário gera vacina contra toxoplasmose

São Paulo (AUN - USP) - Pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical e do Instituto de Pesquisas de Energia Nuclear estão desenvolvendo uma vacina contra a toxoplasmose que protagonizará uma campanha da vacinação diferente. Ao invés de crianças até seis anos, o objeto da campanha será uma população menos barulhenta e mais elegante: os gatos domésticos e de rua que hospedam o protozoário Toxoplasma gondii. O projeto, iniciado há dez anos, já comprovou a eficácia da vacina em camundongos e está na fase de testes com outros mamíferos, entre eles, o gato.

“A doença é, na verdade, uma diarréia de gato” diz o coordenador da pesquisa, Heitor Franco de Andrade. Isso por que no ciclo de vida do protozoário o homem representa apenas um meio para alcançar o hospedeiro definitivo que é o gato. E por que o intestino do gato? “O que todos nós, animais, queremos fazer? O que você quer fazer? Sexo. É lá que ele faz sua reprodução sexuada”. Como felinos se alimentam de carne, a forma mais eficiente que o microorganismo encontrou para chegar no tão desejado intestino do gato foi infectando animais de sangue quente e formando cistos na carne. Assim, basta esperar o hospedeiro ser caçado e comido pelo gato.

Danos

Vacas, ovelhas, aves e cerca de um bilhão de seres humanos de todo o mundo compartilham o fardo de ser hospedeiro intermediário no ciclo de vida desse parasita, que pode ser ingerido diretamente de alimentos contaminados e mal lavados ou de carne contaminada e mal passada. Apesar de ser uma doença relativamente benigna, cujos sintomas a maioria das pessoas confunde com uma gripe ou nem chega a desenvolver, há fatores que ameaçam os infectados. Gestantes podem perder o filho; fetos podem ter seu desenvolvimento comprometido; HIV positivos, transplantados ou qualquer paciente com o sistema imunológico deprimido pode desenvolver a doença até um nível fatal.

Além disso, um ou dois doentes em cada cem terão problemas nos olhos que podem levar à perda da visão. Também há o prejuízo econômico dos rebanhos infectados. Quedas nas taxas de natalidade prejudicam criadores das espécies afetadas.

A vacina

Como as vacinas tradicionais, a matéria prima dessa que está sendo pesquisada é o próprio causador da doença. Mas a grande sacada do projeto veio da observação dos efeitos da radiação no protozoário. “Uma dose específica de radiação torna o Toxoplasma incapaz de se reproduzir” contam Andrés Jimenez e Roberto Hiramoto, cujas teses de doutorado estão atreladas ao projeto. O parasita continua vivo e capaz de invadir a célula mas não consegue completar seu ciclo de vida. Ele morre sem se multiplicar mas já depois de ter ativado o sistema imunológico. Imunizando os rebanhos para consumo humano e os gatos a vacina poderia agir nos dois fronts da contaminação humana.

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