ISSN 2359-5191

27/09/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 90 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Conselho de Arquitetura e Urbanismo deve criar identidade para as profissões

São Paulo (AUN - USP) - No início de 2012 entrou em funcionamento no país o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), primeiro órgão nacional a regulamentar exclusivamente o exercício das duas profissões. Desde 1933, vigorava para as carreiras o Crea, que as unia na mesma legislação e no mesmo código de conduta que as engenharias, a agronomia, a geologia, a geografia e a meteorologia.

Para a arquiteta Ana Peres, mestre pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) a nova organização ainda engatinha, mas é um ganho histórico para a profissão. “O CAU criará uma identidade, uma noção de coletividade e um maior amparo legal para os arquitetos e urbanistas”, explica. “Afinal, eu, como profissional, procuro a quem quando tenho uma dúvida, quando entro num conflito ético?”

Ana acredita que arquitetos e urbanistas não encontravam tal respaldo no Crea em função de sua incompatibilidade com o exercício do arquiteto. “Obviamente, temos atribuições diferentes que a dos engenheiros, por exemplo. Com um órgão regulatório tão geral, torna-se impossível identificar uma conduta a ser seguida. Cada um acaba fazendo de um jeito.” A dissertação de mestrado defendida pela arquiteta traça um paralelo histórico da construção do ethos profissional no Brasil, no Reino Unido e nos Estados Unidos, buscando entender porque nosso país levou tanto tempo para elaborar um código.

Em primeiro lugar, tanto os ingleses quanto os norte-americanos tiveram um desenvolvimento educativo mais uniforme. Os primeiros tipificaram-se pelo sistema de pupilagem, prática em que o estudante pagava para morar e trabalhar com seu professor. Os segundos caracterizaram-se por uma educação menos técnica, com mais ênfase na teoria.

Já no Brasil, o desenvolvimento da profissão foi mais fragmentado. Os primeiros arquitetos chegaram ao Rio de Janeiro com a família real, discípulos da Escola de Belas Artes. Em São Paulo, criou-se, pouco tempo depois, a Escola Politécnica, essencialmente técnica. “O grande problema é que essas duas vertentes foram inseridas já nos anos 30 no mesmo conselho, o Crea que, desde então, veio incorporando outras profissões”, conta Ana.

De acordo com a arquiteta, um segundo fator que atrapalhou a formação de uma identidade para a profissão foi a legislação. Nos dois países do Hemisfério Norte, a arquitetura é regida pelo direito comum. Aqui, pelo direito civil. “No nosso país você estuda a lei para aplicar o ato. Lá, você estuda o ato para aplicar a lei”, afirma. “No direito comum há um maior debate, um melhor esclarecimento para a formação do código de ética. Aqui apenas seguíamos as regras do Crea. Códigos de conduta são mais didáticos.”

Não serão apenas arquitetos e urbanistas os beneficiários do novo CAU. Para Ana, os clientes também receberão um trabalho mais qualificado. “O cliente deve saber o que ele pode esperar de um arquiteto para poder cobrar depois. Um código de ética que explique os limites da profissão é fundamental para isso.”

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