São Paulo (AUN - USP) - Mestre e doutor pelo Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), Douglas Ricardo Slaughter Nyimi busca desenvolver em seus trabalhos o valor de se manter um diálogo permanente com outros campos do conhecimento, que deem vazão a novos pontos de vista. Para ele, “quando seus estudos vão ficando muito específicos, você acaba fechando a sua visão”.
Autor da dissertação de mestrado, defendida em 2006, cujo tema é O paradigma complexo: a energia e a educação, o pesquisador relata que, muitas vezes, os conceitos de engenharia são ensinados isoladamente. Fato esse que dificulta que o aluno faça associações, aplicando cada uma das partes de determinado aprendizado ao todo a que ele se refere.
Nas palavras do pesquisador, “isso ocorre, por exemplo, com o ensino de sistemas energéticos. Sendo que, ‘sistema’ por si só, já quer dizer ‘colocar junto’. Mesmo assim, o estudo dos recursos energéticos é feito separadamente do estudo a respeito dos conversores de energia e, por último, de seus usos finais”. Dessa forma, “você não entende muito bem a relação entre um pedaço e outro, não tem uma visão de conjunto e, portanto, de sistema”.
Com o objetivo de fornecer novas abordagens para a disciplinaEnergia, Meio Ambiente e Sustentabilidade – oferecida no segundo ano do ciclo básico para os graduandos em engenharia elétrica pela Poli –, Slaughter elaborou em sua dissertação de mestrado um paradigma complexo para estudar o tema a partir de um ponto de vista diferente. A proposta era promover uma mudança, alterando a abordagem dos assuntos, de partes simples e separadas para partes complexas e interligadas.
Segundo esse novo paradigma, em detrimento do reducionismo, “se partiria do pressuposto de que as coisas não são simples, assim como a realidade não é composta de partes”. Para ele, a divisão do conhecimento por uma questão didática não pode prejudicar a noção de que cada conteúdo está interligado e se articula, formando um conjunto. No texto da dissertação, por exemplo, ele se propõe a agregar ao estudo da energia a sua interferência em questões de ordem social, econômica, política e ambiental.
Apesar de não ter constatado a aplicação de seus estudos à disciplina ministrada na engenharia elétrica, o pesquisador insiste na importância de se pensar sobre o tema. “Hoje, as diretrizes curriculares pedem dos profissionais uma visão humanística e determinada noção de conjunto.” Mas como é possível alcançar esse ideal, se “os cursos não incentivam os estudos de outras áreas?”. Segundo Slaughter, antigamente, eram oferecidas disciplinas de língua portuguesa e filosofia na Poli, mas, hoje em dia, não existe mais essa preocupação.
Levado a estudar em seu doutorado, defendido em 2011, as limitações da matemática, o pesquisador estimula ainda o questionamento à autossuficiência dos campos do saber, ampliando seu universo de referências a cada novo trabalho. Atualmente, ele cursa filosofia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, graduação na qual ingressou em 2010.