ISSN 2359-5191

15/10/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 96 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
EEFE tem tese vinculada a programa de futsal para deficientes intelectuais
EEFE tem tese vinculada a programa de futsal para deficientes intelectuais

São Paulo (AUN - USP) - Esporte para deficientes intelectuais já existia na Universidade de São Paulo. Um programa oferecia futebol de campo para pessoas com essa condição. Depois de alguns anos, o programa foi reformulado para a modalidade futebol de salão e agora está vinculada a tese de Érica Joaquim, mestranda da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), que atualmente também coordena o curso.

Érica, formada em educação física pela Unesp, teve seu contato inicial com o programa quando ainda estava buscando ideias para a pesquisa e, devido a determinadas circunstâncias, acabou por vincular-se ao programa: “Me prontifiquei a ajudar o professor, vim para conhecer como voluntária, para ter ideia para o mestrado. Houve um período em que o professor (que coordenava o curso) precisou deixar essas aulas e o programa ia acabar. Então meu orientador da EEFE (Luiz Eduardo Dantas) conseguiu uma parceria com o Centro de Práticas Esportivas (Cepeusp) e a partir de então o programa ficou vinculado a minha dissertação de mestrado”.

A tese, que ainda está em processo de finalização, tem o título provisório Os efeitos das propostas táticas de ensino para pessoas com deficiência intelectual e possui como objetivo verificar se as abordagens utilizadas tem um efeito com relação à prática do futsal, analisando se tais abordagens influenciam nas decisões dos deficientes durante a prática. A mestranda explica, de forma simplificada: “O que vou analisar é se o aluno volta quando a equipe dele perde a bola, se ele acompanha o ataque quando a equipe dele avança, ou seja, se ele atua de acordo com a dinâmica do jogo”. Segundo ela, o cerne da pesquisa é focar a verificação nesse tipo de ação mais cognitiva.

O que motivou a mestranda foi a falta de atenção dada ao esporte destinado a esse público. “Trabalhei em escolas que não proporcionavam muito acesso ao deficiente e são coisas que começam a chamar atenção, começam a incomodar.” Érica alerta ainda para certas ideias pré-concebidas em relação a pessoas com deficiência: “Muitas vezes tem o estigma da sociedade, mas pode-se tratar tudo de forma normal. A partir do momento que você faz com que eles compreendam a dinâmica do jogo, aumenta a possibilidade deles jogarem na rua da casa deles, no campo do bairro deles. Ensinar a dinâmica faz com que ele perceba e consiga jogar com pessoas com qualquer habilidade”.

Análise minuciosa
A metodologia empregada na tese consiste na análise de vídeos. “No início, os filmei durante as três primeiras aulas sem intervenção (instruções verbais e outros ensinos), sem aplicar abordagem tática alguma.” Após isso, a mestranda foi testando alguns jogos preparatórios que estimulavam a cognição. Passada essa fase, foi realizado quatro meses de partidas, com muito auxílio e intervenções verbais, totalizando 28 aulas. Por fim, a mestranda filmou os alunos novamente. “Minha proposta é selecionar a melhor atuação deles no primeiro momento e no último momento, depois de feita a intervenção. Após a comparação desses vídeos, pretendo analisar qual foi a melhora e o que mudou, se é que mudou.” Segundo ela, a análise individual dos jogadores aumenta o tempo de estudo dos vídeos.

Foi realizado também um diário de campo, contendo anotações de situações do cotidiano das aulas, registrando tudo o que funcionou e o que não surtiu efeito. Sobre as maiores dificuldades enfrentadas, a mestranda conta: “Houve dificuldade com o espaço físico, já que quando chovia tínhamos dificuldades em jogar nas quadras cobertas, porém foi resolvido. Outro fator complicado é a assiduidade deles, já que dependem dos pais para levá-los às aulas”. No processo de intervenção, também existiram dificuldades: “Estabelecer uma progressão, no sentido de começar de um jogo mais simples e ir aprofundando esse conceito, aprimorando as aulas foi bem complexo”.

Incentivando pesquisas na área
A mestranda conta que fez um levantamento das intervenções esportivas com deficientes intelectuais nos últimos anos e os números decepcionam. Sendo o tema pouco difundido na área, Érica tem expectativas: “Se o resultado for positivo, talvez seja um incentivo para outras pesquisas. Mas independentemente do resultado, pode ser o primeiro passado para uma melhora, para que as pessoas não ensinem apenas por repetição”. É importante colocar o aluno em contato com a realidade, como explica a mestranda: “Você colocar a pessoa numa situação real de jogo e fazer com que ela perceba todas aquelas circunstâncias e como ela deva agir faz com que essa pessoa, no decorrer do tempo, avance”.

A expectativa de Érica é que a finalização da tese ocorra em março ou abril de 2013. Esperando que seu trabalho auxilie o esporte para deficientes em um país que não proporciona muitas alternativas na área: “Acho que faltam programas esportivos de ensino por parte do próprio governo. É necessário ter profissionais capacitados para aplicar programas de esportes para um público específico em um local púbico para que as pessoas possam vir a praticar modalidades esportivas fora da escola”. A mestranda ainda alerta: “O foco não precisa, de forma alguma, ser o esporte competitivo, ele poderia ser uma oportunidade para a pessoa praticar mais vezes a modalidade pela qual se identificou, para cuidar da saúde e obter outros benefícios”.

No programa de Érica, as matrículas para os alunos são continuas no Cepeusp e é necessário apenas um atestado médico, além de um termo de consentimento dos pais para participar. As aulas acontecem de quartas e sextas-feiras e começam às 14h45 e vão até 16h15.

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