São Paulo (AUN - USP) - Produção de madeira plantada no Brasil e as aplicações nas construções civis foi o tema da palestra ministrada no último dia 8 de outubro pelo arquiteto Marcelo de Freitas Sacco, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU). A apresentação fez parte do Simpósio Internacional Wood Works, evento organizado em parceria com o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.
Para Marcelo Sacco, presidente da Associação da Indústria Madeireira do Capão Redondo (Assim), a discussão sobre o uso da madeira na construção civil nunca foi mais atual. “Lembro-me que quando me formei aqui na FAU em 1991, falava-se muito mais em outros materiais, como o cimento. Hoje a discussão volta a ser em torno da madeira”, conta. O arquiteto explica que tal debate deve-se não só aos estudos sobre as propriedades térmicas e praticidade do material, mas também à crescente discussão em torno da sustentabilidade.
Durante seu desenvolvimento, uma árvore retira gás carbônico (CO2) do ambiente e libera oxigênio. Ao ser cortada para a indústria civil, a planta devolve à atmosfera apenas 70% do CO2 absorvido, fixando em si o restante. “Desta maneira, temos do início ao fim do processo de produção da madeira uma queda de 30% de gás carbônico na atmosfera”, explica Sacco.
Uma árvore em crescimento retém de 18 a 35 kg de CO2 por ano para a formação de seu tronco. Adotando-se as proporções apresentadas pelo arquiteto, teremos de 5,4 a 10,5 kg deste gás aprisionado pela madeira da construção civil. “Admitindo-se 50 anos a vida útil de uma casa, já temos aí meio século de menos carvão na atmosfera”, conta Sacco.
Outra vantagem apresentada pela produção de madeira é o seu baixíssimo gasto energético, quando comparado, por exemplo, com o alumínio e o cimento, que demandam muita energia.
O Brasil apresentou em 2011, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), 6,6 milhões de hectares de florestas plantadas. O plantio é uma alternativa mais saudável ao ambiente do que a extração madeireira em florestas nativas, visto que estas, com o crescimento já completo, não sequestram mais carbono para seu tronco.
Além da maior retenção de CO2, o arquiteto aponta como benefícios das florestas plantadas uma maior homogeneidade da madeira, a possibilidade de reaproveitar terras degradadas pela agricultura e a proteção do solo e da água.“Também por isso as florestas plantadas inserem-se na economia formal, assistida pelo Estado, ao passo que, a extração das florestas nativas ocorre, na maioria das vezes, na ilegalidade” afirma Sacco.