ISSN 2359-5191

22/10/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 99 - Meio Ambiente - Instituto de Relações Internacionais
Palestra no IRI discute relação entre desenvolvimento e sustentabilidade

São Paulo (AUN - USP) - No dia 8 de outubro, aconteceu, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP o debate de abertura do evento RI em Debate: Sustentabilidade, organizado pela Empresa Júnior de Relações Internacionais (RI USP Jr), gerida pelos estudantes de graduação em relações internacionais da instituição. A mesa redonda contou com a presença do diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Sérgio Leitão, da secretária adjunta do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, Leda Ascherman, e do professor e pesquisador da FEA, Ricardo Abromovay, que discutiram a relação entre crescimento econômico e preservação dos recursos ambientais, sob o tema Que desenvolvimento queremos?

Para Sérgio Leitão, a resposta da pergunta título da palestra depende de elementos que vão além do questionamento de como o Brasil pode combinar a guinada econômica com do cuidado ao meio ambiente. Segundo o ativista as discussões recentes no país sobre o assunto carregam um raciocínio contrário, em que a questão ambiental é, muitas vezes, vista mais como empecilho do que como solução. “Nós não sabemos e não estamos preparados para fazer essa relação. Mas a pergunta é se nós queremos”, instiga.

O crescimento econômico
Leitão explica que a principal desvantagem do país é a sua situação de crescimento, em que há urgência para que os patamares econômicos e, ele ressalta, de consumo sejam equilibrados aos dos “países grandes”, que também pretendem manter seu próprio nível de movimentação econômica.. “O consumo, no que tem de retrógrado e revolucionário, é a função que vai determinar o equilíbrio com os países desenvolvidos”, diz. “Ele nos trouxe a esses impactos que precisamos resolver”, completa.

Abromovay também frisa o impacto que o consumo tem sobre a questão da sustentabilidade. A ascensão da classe C brasileira não pôde ser deixada de lado. Para o professor, a emergência da nova classe média não atenua inúmeras formas de desigualdade no Brasil, como educação, saúde, saneamento e moradia. “A rota pela qual a classe C está sendo inserida na sociedade é uma rota de consumo individual, não coletivo ou público, como houve em outros países”, comenta. Ele exemplifica o cenário com o aumento no volume de venda de carros nos últimos anos, incentivado, inclusive, pelo governo federal.

Porém, o estudioso acredita que a relação entre desenvolvimento e sustentabilidade é recortada também por certa reprimarização das economias latino-americanas, que se tornam cada vez maiores exportadoras de commodities. “O exemplo mais difícil e emblemático é o pré-sal”, comenta. Isto é um marco do que Abromovay chama de “economia da destruição da natureza”. Este tipo de economia se opõe à “economia do conhecimento da natureza”, que tem uma orientação avessa à reprimarização.

Envolvimento da sociedade
“Uma maneira de se combater o processo de reprimarização é que sejamos capazes de acompanhar o ciclo dos recursos usados na produção da sociedade brasileira”. Assim, segundo ele, a participação da sociedade civil seria essencial para exercer pressão sobre os líderes políticos e sobre o setor privado no país, com relação às formas predatórias da utilização de recursos e do próprio funcionamento da economia.

Igualmente, Leda Ascherman acredita na importância da participação da sociedade civil no desenvolvimento sustentável. “Os recursos naturais não podem ser sacados à vontade”, comenta. De acordo com a secretária, a questão ambiental passa por todos os setores da sociedade desde ao ambiente doméstico até os poderes público e privado. “É uma questão planetária”, ressalta. Por isso, ela diz, é importante que o processo de desenvolvimento atual seja entendido e discutido largamente.

Relações internacionais
Os profissionais também comentaram a relevância das discussões internacionais para o esclarecimento e resolução das questões econômicas e ambientais. Abromovay destaca a questão do compartilhamento de conhecimento e abolição da ideia de transferência de tecnologia como essenciais. Ele também ressalta o valor da convenção Rio +20, apesar da timidez de suas conclusões com relação a declarações quanto às barreiras ecossistêmicas e ao tema das desigualdades.

Leitão, por sua vez, aposta na participação dos profissionais de relações internacionais no cenário. “Deveriam qualificar-se para que sejam um farol que ajude o país a se guiar em uma estrada tão escura e nebulosa como essa”, diz. Opinião compartilhada por Abromovay, que ainda completa que profissionais com novas visões são essenciais para que o conservadorismo que marca as relações internacionais do Brasil seja superado e abra portas para novas políticas que deem mais espaço para as questões ambientais.

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