São Paulo (AUN - USP) - O encerramento do evento RI em Debate: Sustentabilidade, promovido pela Empresa Júnior de Relações Internacionais (RI USP Jr), gerida pelos estudantes de graduação em relações internacionais da USP, tratou sobre como os indivíduos e setores da sociedade podem contribuir para um mundo mais sustentável. O tema foi debatido no dia 10 de outubro na Faculdade de economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP por João Francisco de Oliveira Lobato, conselheiro técnico do Instituto Jatobá, Lígia Neves da Silva, assistente da diretoria geral brasileira da Itaipu Binacional, e Fabio Feldmann, dono e consultor para meio ambiente e sustentabilidade da FFConsultores e um dos criadores da Fundação SOS Mata Atlântica, além de ex-secretário do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Para Feldmann, o papel das Organizações Não-Governamentais (ONGs) é bastante importante nessa discussão. Ele lembra que foi na convenção do Rio 92 que as ONGs, que já tinham sido lançadas para discussão desde os anos 1980, ganham reconhecimento e se consolidam. “Depois não se discutiu mais nada nesse sentido sem levá-las em conta”, diz. Segundo ele, é importante que seja criada uma instituição internacional, vinculada às Nações Unidas, que dê conta das questões ambientais. “Na Rio +20, houve uma tentativa de institucionalização, mas foi mal sucedida, não houve decisões concretas”, comenta.
O político e ativista destaca a importância de estratégias de engajamento da sociedade, identificando a sustentabilidade como um bloco de sustentação deste século. “Sustentabilidade é a visão que temos que desenvolver no século 21”, ressalta. Isto, ele diz, está diretamente relacionado a responsabilidades que precisam ser assumidas. “O lócus de solução desses problemas será de certa forma o campo internacional, mas muitas ações terão que ocorrer também a nível local”, afirma.
João Francisco Lobato também acredita na importância da implementação de medidas para a sustentabilidade nas cidades, a partir da ampliação da consciência e construção de um caminho coletivo solidário e sustentável. Ele cita exemplo do trabalho do Instituto Jatobás no município de Pardinho, interior de São Paulo, em que foi realização de um processo de sensibilização e mobilização efetivo da comunidade. De acordo com ele, é importante pensar em desenvolvimento diferente do conceito de crescimento. “O conceito mais aceito é o de mudança, mas também de melhoria”, explica. “Desenvolvimento social consiste na evolução dos componentes da sociedade e na maneira como se relacionam”, continua.
Ligia Neves trouxe o exemplo de como uma empresa pode contribuir para o desenvolvimento sustentável da região em que se localiza. Para a administração brasileira da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, que promove ações com a população de Foz do Iguaçu, sustentabilidade consiste em adotar práticas sustentáveis, mantendo-se uma grande geradora de energia. “A empresa se articula com outras instituições para tentar encurtar a distância de políticas públicas do governo federal em Foz do Iguaçu”, conta. Para a assistente da diretoria geral da usina, além das próprias operações para a produção de energia limpa em Itaipu, a relação entre a empresa e a comunidade local é importante para promover educação ambiental e desenvolvimento sustentável, concebendo a sustentabilidade como um princípio de valor e uma questão cultural.