São Paulo (AUN - USP) - Uma dissertação de mestrado defendida no primeiro semestre de 2012 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) investigou o histórico dos cursos de design na cidade de São Paulo. Intitulada O ensino do design paulistano: a formação das escolas pioneiras, a pesquisa de autoria da arquiteta Ana Paula Coelho de Carvalho tem como ponto de partida as origens das três primeiras instituições paulistanas na área: a Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap), a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a própria FAU.
Antes de apontar as particularidades de cada escola, Ana contextualiza a conjuntura político econômica que possibilitou o desenvolvimento do design no Brasil. Na década de 1950, a política norte-americana buscava difundir a cultura do consumo para os países latino-americanos. No Brasil, o intenso processo de industrialização e a crescente ascensão da classe média vinham ao encontro dos interesses dos Estados Unidos, indiretamente, aos interesses do desenho industrial. “O mercado demandava cada vez mais profissionais de criação, principalmente nas indústrias automobilísticas e de eletrodomésticos”, conta Ana. “Neste momento, as escolas de desenho industrial começam a ganhar espaço e a se consolidar.”
Em 1951, é criado no Museu de Arte de São Paulo (Masp) o Instituto de Arte Contemporânea (IAC), que oferecia nas artes plásticas, o curso de desenho industrial. Anos mais tarde, em um momento de dificuldades financeiras, Assis Chateaubriand, idealizador do MASP, discute com Annie Penteado a possibilidade de transferir o IAC para a Faap. “Com essa passagem é inaugurado a primeira graduação oficial de desenho industrial em São Paulo.”
O curso do Mackenzie surge, por sua vez, sob um viés menos artístico e mais técnico do que o da Faap. Seu curso de desenho industrial é inaugurado em 1971, tendo suas raízes na própria Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. “Talvez por vir da arquitetura, o design do Mackenzie seja um pouco mais voltado para a técnica”, afirma a arquiteta Ana Coelho.
O design da FAU, por sua vez, surge de uma articulação entre as disciplinas de Comunicação Visual e de Desenho Industrial. Com uma didática mais abrangente e independente da arquitetura, o curso instalou-se na FAU apenas por questões de conveniência física.
Desenho Industrial x Design
O termo design foi adotado no Brasil no final da década de 1980 para substituir o então desenho industrial. A palavra, do inglês, buscava definir mais fielmente o fazer do designer. Para Ana, no entanto, o efeito foi inverso. “O termo design é tão abrangente que chega muitas vezes a ser banalizado”, afirma. “É preciso definir com cuidado a área de atuação do profissional para que sua função fique mais clara para todos”. O ideal, segundo a arquiteta, é que o termo seja entendido como a união entre o desenho industrial e a comunicação visual, disciplinas que, não por acaso, formaram o curso da FAU.