ISSN 2359-5191

15/09/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 11 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Pesquisas na EEFE estudam aspecto molecular de hipertrofia cardiovascular

São Paulo (AUN - USP) - Ainda não são muito comuns na literatura médica estudos que relacionem o aspecto molecular da hipertrofia cardiovascular a exercícios físicos. E é exatamente disso que tratam as pesquisas e projetos da professora Edilamar Menezes de Oliveira, professora de bioquímica da atividade motora na Escola de Educação Física e Esportes da USP. Formada em farmácia pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), Edilamar desenvolveu sua tese de doutorado no laboratório de genética e cardiologia molecular do Instituto do Coração (Incor) em São Paulo. Quando começou a dar aula na EEFE, os estudos da área patológica de seu doutorado voltaram-se para a área dos exercícios físicos.

A atividade esportiva leva a uma série de adaptações no sistema cardiovascular. As pesquisas da professora focam os aspectos moleculares de tais mudanças, ainda não tão explorados na literatura especializada quanto as hemodinâmicas (pressão, freqüência). A hipertrofia do músculo cardíaco induzida pelo exercício físico está sendo estudada em animais experimentais e pode ser classificada em dois tipos: excêntrica e concêntrica. O treinamento físico aeróbio (exercícios dinâmicos como a corrida e a natação) leva a uma hipertrofia do tipo excêntrica, em que ocorre o aumento da cavidade do músculo cardíaco levando a uma melhora da função do sistema cardiovascular. Já a hipertrofia concêntrica acontece naqueles que fazem exercícios de força (musculação). Verifica-se o aumento da espessura da parede do miocárdio sem modificação no volume da cavidade.

Molecularmente, tais mudanças se dão devido à organização dos sarcômeros, unidades contrácteis do músculo cardíaco dentro das células. Na hipertrofia excêntrica, eles se encontram em série, resultando num aumento do comprimento da fibra e conseqüentemente da cavidade do coração. Na concêntrica, a organização se dá em paralelo, com aumento do diâmetro da fibra e conseqüente aumento da espessura da parede cardíaca.

As pesquisas buscam também relacionar o treinamento físico ao uso de anabolizantes e as conseqüências na parte molecular do sistema cardiovascular. Acreditava-se que o treinamento físico aeróbico associado ao uso de anabolizantes não trazia prejuízos ao atleta. No entanto, com o trabalho da professora, descobriu-se que o sistema cardiovascular como um todo melhora somente com o treinamento físico, mas sofre um prejuízo muito grande caso o atleta, mesmo realizando exercícios dinâmicos, faça também uso de substâncias anabolizantes.

O uso de tais substâncias por si só já leva a uma hipertrofia do músculo, que somada àquela provocada pelos exercícios físicos trazem prejuízos ao sistema. Verificou-se também que o uso das substâncias sem a prática de exercícios leva a uma hipertrofia sem qualquer alteração da função cardiovascular. Novidade na literatura especializada é a deposição de colágeno no miocárdio resultante da ativação do Sistema Renina Angiotensina, relacionado ao uso de anabolizantes associada à prática de exercícios. Segundo Edilamar, o treinamento junto com o uso de tais substâncias faz com que a enzima conversora de angiotensina I seja ativada, ocorrendo uma maior formação de angiotensina II e levando ao aumento da síntese de colágeno e sua deposição no coração, causando perda da função.

A professora destaca a importância dos estudos envolvendo a estrutura molecular da hipertrofia cardíaca e seus trabalhos envolvem ainda fatores genéticos envolvidos na melhora da performance do atleta. Muitas vezes dá-se demasiada importância à aparência física e não se pensa no que está acontecendo no organismo ou nas células das pessoas.

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