São Paulo (AUN - USP) - A análise de imagens em terceira dimensão (3D) tem ajudado a desenvolver pesquisas que investigam a desnutrição, o diabetes, doenças neurodegenerativas como Parkinson e o Huntington e alterações morfológicas do envelhecimento. Estes e outros temas fazem parte das linhas de pesquisa do Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, que é referencia nesta análise tridimensional, conhecida como estereologia.
A estereologia é um método de microscopia quantitativa em amplo desenvolvimento que permite a análise tridimensional de órgãos, tecidos e células. Com isso, “as células como os neurônios, por exemplo, são analisados além do comprimento e a largura (2D) mas consideramos também uma outra variável que é a profundidade (espessura), permitindo, assim, estimar parâmetros como o número total e volume celular, o que torna o trabalho mais preciso”, diz a bióloga e pesquisadora Aliny Antunes Barbosa Lobo Ladd, que realiza seu trabalho de doutorado no LSSCA orientada pelo Professor Dr. Antonio Augusto Coppi. Nesse sentido, essa técnica vem sendo cada vez mais exigida para as publicações de dados científicos, diz a pesquisadora.
O grupo do LSSCA, sob supervisão de Coppi, aplicando as análises estereológicas, tem publicado desde 2004, por exemplo, artigos científicos que fornece dados sobre os efeitos do envelhecimento em diferentes órgãos do sistema nervoso autônomo (SNA). Nesta temática, a pesquisadora Aliny Ladd demonstrou com o desenvolvimento de sua tese de mestrado que o envelhecimento não provoca a perda de neurônios em gânglios do sistema nervoso autônomo, questionando, assim, um dogma da neurociência que dizia que o envelhecimento sempre causa perda neuronal.
Outra pesquisa em desenvolvimento no LSSCA investiga o cenário da desnutrição e renutrição em roedores, a partir da contagem de células do fígado. A ideia é verificar se após a renutrição, as agressões sofridas pelos hepatócitos durante a desnutrição podem ser revertidas.
As pesquisas desenvolvidas no LSSCA são translacionais e multidisciplinares, e fornecem alicerce para o entendimento de doenças como, por exemplo, o diabetes, o Parkinson e Huntington, possibilitando o desenvolvimento de novas terapias e diagnósticos.
Aplicação do método
O LSSCA utiliza equipamentos e software de última geração, destinados à análises estereológicas, mas segundo o professor Coppi “não ter software de quantificação não é limitante para se aplicar os métodos estereológicos”. Um passo fundamental para garantir uma boa aplicação da técnica, segundo Aliny Ladd, é realizar amostragens sistemáticas, uniformes e aleatórias, a fim de evitar que fenômenos biológicos de caráter regional possam ser erroneamente concluídos como padrões. O professor e sua equipe capacitam pesquisadores através de cursos teóricos e práticos visando a aplicação dos métodos estereológicos. Para informar-se sobre os próximos cursos, entrar em contato pelo e-mail guto@usp.br.