ISSN 2359-5191

09/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 107 - Ciência e Tecnologia - Universidade de São Paulo
Pesquisa estuda inovação aberta na indústria farmacêutica brasileira

São Paulo (AUN - USP) - A inovação aberta é uma realidade cada vez mais concreta nas empresas, no âmbito geral. O modelo, introduzido pelo pesquisador americano Henry Chesbrough, analisa o paradigma de relações entre as empresas no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento, o que comporta uma evolução da estratégia de parcerias e aquisição de patentes. A farmacêutica bioquímica Bárbara Juliana Borges, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP) expôs, em pesquisa, alguns pontos importantes da inovação aberta e gestão da propriedade intelectual no setor farmacêutico no Brasil.

A pesquisa analisou o processo de inovação em quatro empresas nacionais do setor farmacêutico, e abordou questões como modelo de negócio, estratégia, estrutura e cultura organizacionais das empresas. Além disso, foram observados alguns pontos importantes para a gestão de propriedade intelectual, como incentivos fiscais, empregos de bases patentárias e proteção de direitos de patente.

De um modo geral, a pesquisa concluiu que todas as empresas estudadas entendem a importância do processo inovador de forma aberta. “As empresas enxergam a inovação aberta como uma oportunidade de captação de conhecimento externo, com possibilidade de incremento da inovação interna”, explica Bárbara. Embora a pesquisa aborde apenas quatro empresas, ela acredita que os casos estudados refletem uma realidade do setor farmacêutico nacional, ainda que seja temerário generalizar para todo o mercado. “ Acredito que se abre uma área bastante frutífera para maiores investigações”, completa a pesquisadora.

Para Bárbara, existem alguns desafios e barreiras a superar para consolidar a inovação aberta na indústria farmacêutica brasileira. Uma delas é a educação, já que a inovação aberta exige uma qualificação multidisciplinar. “Há uma carência de formação integrada, de desenvolvimento de pensamento sistêmico. Hoje, aprende-se na prática algo que poderia ser experimentado já na faculdade”, explica. A pesquisadora acredita, também, que deve haver uma valorização do pesquisador nacional, a partir de incentivos como melhores planos de bolsa e condições e trabalho.

Bárbara destaca, ainda, a importância da universidade no sistema. “Eu vejo um papel essencial para as universidades, não só como formadoras de material humano qualificado, mas como um ambiente de construção de conhecimento e de experiências práticas”, diz. Para ela, o âmbito universitário representa mais que a educação no sentido formal e limitado, já que é nele que surgem projetos de startups e incubadoras que representam muito para o campo da inovação. “Acredito que a universidade esteja trilhando um caminho muito produtivo e frutífero, embora ainda haja alguns pontos a serem melhorados”, completa.

Existem também entraves burocráticos, desde o setor público até as próprias empresas privadas estudadas que, segundo ela, reconhecem a necessidade de modernização. Ela destaca alguns pontos cruciais da inovação, como dinamicidade, eficiência e economicidade, que precisam ser incorporados em todo o processo, para que o Brasil tenha condições de competir com o cenário internacional. Algumas mudanças, como políticas públicas de incentivo à inovação e modernização de profissionais qualificados no Inpi, além de uma maior integração com outros órgãos (Anvisa, por exemplo) são fundamentais.

No que diz respeito à propriedade intelectual, o atual contexto do setor farmacêutico é muito melhor do que há alguns anos, apesar de ainda existirem algumas violações. “As empresas têm uma cultura bem estabelecida de proteção de sua propriedade intelectual, mas não para esconder esta propriedade, para tentar negociar de maneira produtiva e lucrativa”, explica a pesquisadora.

É importante destacar que a indústria farmacêutica brasileira exerce papel importante no âmbito mundial. Estudos indicam que o país estará entre os sete maiores mercados farmacêuticos do mundo em até dois anos. Para Bárbara, muito disso se explica pela maior aplicação de processos de inovação aberta. “As empresas nacionais, em geral, não desenvolvem um medicamento inovador sozinhas. As parcerias acontecem na história da indústria farmacêutica nacional, e a inovação aberta é um passo adiante que trabalha a cultura de inovação orgânica e sistêmica”, conclui a pesquisadora.

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