São Paulo (AUN - USP) - O Museu de Medicina da USP sedia a exposição Arte e Medicina. Com 4.500 visitantes por ano, a exposição interessa a estudantes do ensino médio que aspiram à carreira, professores, médicos formados e, especialmente, nas férias, alguns turistas. “A ideia geral da exposição é trazer o quanto a prática médica exige do profissional conceitos objetivos da técnica e da prática, como também uma habilidade com aquilo que é subjetivo”, diz André Mota, organizador da mostra.
Mota enxerga na arte o ponto ideal de diálogo entre a técnica e a sensibilidade. “O paciente não é só um corpo lesionado”, comenta. Ele acredita que tanto o excesso da subjetividade quanto a falta dela pode matar e que por isso é necessária uma relação humanizada dentro da prática. A direção tomada, no entanto, não é filosófica, mas tecnológica. “O saber humanístico é também tecnologia”, diz o pesquisador, que vê no campo afetivo um auxílio para as atividades práticas. “Há uma lesão aí, mas quem é esse indivíduo? Onde ele morava?”, ele questiona, mostrando que respostas a estas perguntas podem desenvolver um tratamento melhor.
A exposição parte do surgimento da imprensa que viabiliza o estudo de medicina. Por isso a primeira peça exposta é uma bula papal, na qual o papa Clemente dirigi algumas pessoas para que estudem medicina. A partir daí, são exibidas charges e propagandas divertidas de medicamentos que mostram como o artista de imprensa encarava o estudo da medicina.
Em seguida, a exposição aborda médicos artistas, que pintavam escreviam e faziam seus próprios aparelhos. A questão do médico artífice é exemplificada por marca passos feitos artesanalmente e pela máquina que realizou o primeiro transplante de coração da América Latina. Maria das Graças, que acompanhou a reportagem pela exposição diz: “Os médicos tinham que ter conhecimentos mecânicos e saber a força exata para bombear o sangue do paciente, caso a energia acabasse!”
Por fim, o paciente também é retratado. Em peças de cera, partes de corpos com doenças dermatológicas são exibidas ao lado de uma breve homenagem a pacientes do Juqueri. Pinturas de internos antigos deixam retratada uma época em que os pacientes não eram ouvidos ou vistos como seres humanos.