São Paulo (AUN - USP) - Análise psicológica de pessoas que dizem já ter vivido experiências com óvnis e alienígenas tentou identificar se elas eram mais propensas a criar fantasias na sua imaginação, se tinham dificuldade de lidar com a realidade ou se tinham necessidade excessiva de atenção. Por meio da aplicação de dois testes, o psicólogo Leonardo Martins constatou que elas não correspondiam à esses perfis. “Isso não constata que elas realmente passaram pelas experiências, mas o que temos de concreto é que elas não têm essas características em suas personalidades”, diz ele.
Os entrevistados foram divididos em dois grupos: um para aqueles que relatavam experiências mais simples, como ter visto um alienígena passando ou um disco voador no céu. O outro para quem dizia ter passado por experiências mais complexas, como terem sido abduzidos. Ao todo eram 46 pessoas, entre 18 e 60 anos.
O primeiro teste consistia em uma série padronizada de frases simples que mapeavam a personalidade de quem respondia e se referiam à fatos do cotidiano.
O segundo realizado foi o teste de proporção para transtornos mentais. A partir das respostas, o psicólogo poderia agrupá-las em subgrupos, como: depressão, transtorno do humor, transtorno do pânico, dentre outros.
A correlação de dados mostrou é que nenhuma dessas características esteve presente nos entrevistados de modo significativo. “Ficou claro que elas não eram pessoas com uma maior necessidade de atenção. Então isso não pode ser usado como justificativa para tirar o crédito das histórias que elas contam ter vivido. O mesmo acontece com a propensão a criar fantasias e com a dificuldade de se ater à realidade: elas não têm essas características”, afirma.
A surpresa do estudo foi a constatação de que essas pessoas eram mais criativas e propensas a criticar a ordem vigente da sociedade. “Elas mostraram ter a mente aberta, sendo tipicamente mais atentas e observadoras. Esses pontos apareceram tendências comuns que unem todas elas”, diz ele.
Martins diz que a escolha do tema veio de uma curiosidade de infância, que sempre o levou a buscar informações sobre pessoas que diziam ter vivido essas experiências com óvnis e alienígenas. “Eu atormentava as pessoas com perguntas, sempre querendo saber mais e mais sobre o assunto”, diz ele, que quando então ingressou no mundo acadêmico, viu que esse campo era um dos menos investigados dentre as experiências anômalas.
A sequência da pesquisa já está programada. Em seu doutorado, Martins vai permanecer nos locais onde testemunhas dizem estar presenciando experiências com óvnis e alienígenas e, a partir disso, pretende desenvolver novos estudos sobre o tema.