ISSN 2359-5191

28/11/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 118 - Saúde - Faculdade de Saúde Pública
Pesquisa da Saúde Pública aponta carência de conhecimento e incentivo à amamentação

São Paulo (AUN - USP) - Com histórico de pesquisas sobre o aleitamento materno desde a graduação em farmácia, que cursou na Universidade Federal de Mato Grosso, Mahmi Fujimori decidiu estudar, no mestrado, os conhecimentos e práticas de estímulo à amamentação adotados pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) em duas cidades do sudoeste mato-grossense. Por meio da aplicação de questionários em médicos, enfermeiros, agentes comunitários e mães atendidas nas unidades de atenção básica desses municípios, a pesquisadora foi capaz de agrupar dados para avaliar a familiaridade desses profissionais com o assunto e as atividades de promoção do aleitamento materno desenvolvidas nas unidades de saúde.

Em um estudo de prevalência de aleitamento materno realizado antes do mestrado, a pesquisadora verificou resultados muito inferiores aos recomendados. Ela relata que não entendia, à época, o motivo pelo qual uma prática que parecia tão natural era pouco utilizada em grande parte das famílias. “Ao alcançar um aprofundamento maior, pude constatar que o ato de amamentar está inserido em um contexto sociocultural e que são diversos os determinantes para o desenvolvimento efetivo da amamentação”, explica. Entre os fatores apontados por Mahmi para a baixa prevalência dessa prática estão a falta de conhecimento das mães e a carência de ações de promoção, incentivo e suporte ao aleitamento materno. “Os profissionais apresentam conhecimentos insatisfatórios em manejo da lactação e direitos trabalhistas das mulheres que amamentam e também estão pouco envolvidos em atividades educativas.”

Segundo a pesquisadora, a amamentação proporciona uma série de benefícios para a saúde da criança, entre os quais é possível citar: proteção contra infecções gastrointestinais e respiratórias, melhor desenvolvimento da cavidade bucal, redução do risco de alergias, hipertensão, colesterol alto, obesidade e diabetes, entre outros. Para a mãe, as principais vantagens são: efeito contraceptivo, menor risco de hemorragia pós-parto, câncer de mama e de ovário, contribuição para o retorno ao peso pré-gestacional, proteção contra a osteoporose e promoção de vínculo afetivo entre mãe e filho. Outro fator relevante é que a amamentação constitui o método mais prático e econômico para alimentação de lactentes.

Apesar de todos esses benefícios, a substituição do leite materno na alimentação de bebês ainda é frequente – mesmo nos primeiros seis meses de vida, período em que, segundo a OMS, a amamentação deveria ser o único método de sustento das crianças. Segundo dados apresentados na pesquisa, Cuiabá é a capital brasileira com o menor índice de aleitamento materno exclusivo até os seis meses. Mahmi aponta que “a promoção da amamentação não é efetiva quando o conhecimento e as habilidades teóricas e práticas dos profissionais de saúde são limitados”, e defende a necessidade de educação e treinamento adequados para essas pessoas. “Impressiona o fato de menos de 30% dos profissionais pesquisados no Mato Grosso terem realizado um treinamento específico em amamentação”, ressalta. Em um país onde 68% das mortes infantis acontecem no período neonatal, o incentivo à lactação é fundamental, e exige investimentos governamentais, capacitação de profissionais da saúde, conscientização das famílias e garantias verdadeiras dos direitos de mães, pais e crianças.

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