São Paulo (AUN - USP) - As brisas marítimas vindas na direção da Região Metropolitana de São Paulo, associadas ao calor provocado pelo asfalto e pela poluição, são as grandes causadoras das fortes chuvas de verão, aponta a dissertação de mestrado Análise da circulação de brisa marítima e seus impactos sobre a precipitação na Região Metropolitana de São Paulo por meio do modelo ARPS, concluída em dezembro de 2011 por Felipe Vemado e orientada pelo professor Augusto José Pereira Filho, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
A pesquisa demonstrou que o asfalto, os carros e as indústrias da cidade de São Paulo favorecem um maior aquecimento da cidade do que a ilha de calor urbana formada pelas regiões no entorno. Em uma tarde típica de verão, com o calor excessivo e os ventos, a brisa do mar se desloca em direção à Região Metropolitana. “A brisa aumenta a umidade do ar sobre a Região, que por se mais aquecida e com densidade do ar menor, promove a convergência dos ventos sobre a cidade, formando nuvens de tempestades.”
Mais chuva à leste
Simulações feitas na pesquisa mostram também que, caso a cidade ainda fosse uma floresta úmida, as chuvas causadas pela movimentação de brisas seriam muito menos intensas. Além disso, por conta da direção do vento na cidade, os maiores acumulados de chuva se concentram na divisa de Guarulhos com a Zona Leste de São Paulo, na própria Zona Leste e no ABC. “Nessas regiões, chove em torno de 400 mm a mais por ano devido a presença da cidade. Isso representa 30% da média anual”, declara Felipe.
Facilitada após o IAG adquirir um radar meteorológico de maior potência em 2008, com capacidade de detectar a propagação da frente de brisa marítima, a pesquisa de Felipe foi capaz de detectar os dados de chuvas fortes associadas a virada do vento nas estações meteorológicas. A pesquisa buscava, segundo o mestre, verificar as condições médias de direção e intensidade do vento em diversos níveis atmosféricos, e as condições termodinâmicas predominantes nos dias em que se verificou tempestades procedidas pela entrada da brisa marítima. “Nós utilizamos métodos estatísticos simples sobre bases de dados colhidas no bairro da Água Funda e nos aeroportos do Campo de Marte e Congonhas”, explica. “A pesquisa verificou dia a dia se a mudança na direção do vento observado nas estações de superfície eram devido a propagação da frente de brisa.”