São Paulo (AUN - USP) - Foi concluída em 2012, na Escola Politécnica (Poli) da USP, uma nova ferramenta para dimensionar vigas de concreto armado para situações de incêndio, em busca de evitar desastres. Desenvolvida na dissertação de mestradoDimensionamento de vigas de concreto armado em situação de incêndio, de Gabriela Bandeira de Melo Lins de Albuquerque e orientada pelo professor Valdir Pignatta e Silva, a ferramenta serve de alternativa à norma brasileira.
O foco do estudo nas vigas se deu, segundo Gabriela, devido à sua importância funcional, já que seu colapso é capaz de interferir no comportamento global de uma estrutura. “Concreto e aço perdem capacidade resistente quando submetidos a essa elevação de temperatura”, explica. “O objetivo seria minimizar os riscos de colapso a fim de assegurar que a estrutura resista até o instante em que as pessoas abandonem, em segurança, o local onde ocorre o incêndio.”
Segundo a mestre, a busca pelas novas ferramentas de dimensionamento se deu devido a uma limitação da normal brasileira que regula o projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio. O único método detalhado, com aplicação direta, seria o tabular, no qual as vigas devem atender dimensões mínimas para determinar um tempo de resistência ao fogo. O método, porém, limitaria os cálculos a poucos valores e restringeria o trabalho do engenheiro.
Analisando vigas com diversas especificações, Gabriela desenvolveu o método gráfico, solução alternativa ao modelo brasileiro, que chegou a curvas que associam as relações entre situações de incêndio e situações em temperatura ambiente. “No total, foram construídas cerca de 1.500 curvas que foram organizadas em 120 gráficos, contemplando diversas opções para se proceder ao dimensionamento das vigas”, declara.
A partir deste momento, foram realizados modelos de aplicação comparando o método tabular da norma brasileira e o método desenvolvido na pesquisa. Os resultados demonstraram, segundo Gabriela, que o método gráfico chegou a maiores tempos de resistência ao fogo encontrados para as vigas estudadas.
Como o método desenvolvido na pesquisa ainda não é utilizado como padrão pela norma nacional, Gabriela ressalta: “Recomenda-se que o dimensionamento seja realizado pelo método da norma brasileira, devido à sua facilidade de aplicação. Caso os resultados não atendam ao tempo de resistência ao fogo exigido para o elemento em análise, pode-se recorrer ao método gráfico como uma ferramenta alternativa”.