São Paulo (AUN - USP) - Na última quinta-feira, 29, o Instituto de Psicologia (IP) da USP promoveu uma palestra com a professora Maria Eduarda Duarte, da Universidade de Lisboa, sobre o life design e os paradigmas para a construção de carreira no século 21.
Durante o evento, ela traçou pontos que desafiam o psicólogo nos dias atuais a auxiliar pessoas que precisam de orientação vocacional.
O termo life design significa construção da vida. Suas vertentes defendem que não existe um aconselhamento concreto e inteiramente definido pelo psicólogo. “Há um imenso buraco entre o aconselhamento de carreira e a realidade. O indivíduo em questão precisa entender sua história, repensá-la e então entender o que pode ser melhor para ele”, diz Maria Eduarda.
A história da orientação começou no início do século 20, não por uma imposição teórica, mas porque percebeu-se que as pessoas precisavam de ajuda. Segundo a psicóloga, a questão era muito diferente na época, já que as pessoas mal sabiam ler e escrever e não tinham noção do que era seguir uma profissão.
O quadro evoluiu para a construção de um ideal que atrela uma profissão como um projeto de vida único. “As pessoas tinham o sonho de entrar em uma empresa e permanecer lá a vida inteira. Era uma relação de fidelidade.” hoje os tempos são outros, mas as pessoas ainda não mudaram esse perfil. Uma psicóloga presente no evento deu o exemplo de seus clientes, que a procuram esperando uma resposta concreta. “eles se surpreendem quando digo que são necessárias algumas seções e muitas conversas para que juntos consigamos chegar a alguma conclusão.”
“O nosso trabalho acaba sendo ajudar na busca por um referencial, ajudamos as pessoas a encontrem o projeto que querem seguir no momento. As ajudamos a entender que o trabalho não pode ser mais, exclusivamente, a fonte para seus sucessos”, completa. Mas um ponto destacado foi o de que o projeto tem que de ser criado pela própria pessoa. É ela quem toma consciência de suas vontades e traça esses planos.
O psicólogo ajuda na obtenção de informações para a construção da narrativa: programas de televisão preferidos, herói da infância (por que esse herói? De que maneira ele é adjetivado na narrativa?). “É um processo de co-construção”, sintetiza Maria Eduarda. O paciente precisa contar sua história e recontá0la analisando todos os pontos que a compõe. “Quando se observa sua própria história é possível reescrevê-la, recontá-la seguindo os novos rumos que se deseja tomar.”
E como transformar essas ideias em realidade? A professora diz que não é por meio de teorias, com colocando-as dentro do contexto atual e ver se elas são possíveis de serem realizadas ou não. É preciso perceber quem se é dentro do mercado de trabalho e que posição se ocupa.