São Paulo (AUN - USP) - Entre as várias funções de uma universidade e do âmbito acadêmico em geral, uma das mais importantes é a produção de conteúdo intelectual e a aplicabilidade em outros setores da sociedade, como forma de geração de conhecimento de uma cidade ou país. Porém, o que se observa em pesquisas, teses, artigos e trabalhos expostos em congressos de todos os tipos é que a relação entre universidade e sociedade ainda precisa de melhorias.

Para o professor Edson Luiz Riccio, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), expandir eventos acadêmicos para fora da sociedade é um grande desafio. Riccio é coordenador geral do Contecsi (Congresso Internacional de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação), que ocorre anualmente na FEA e teve sua nona edição realizada este ano.

Segundo ele, a área de comunicação, sobretudo o jornalismo, representa papel importante nesse problema. “Temos que desenvolver um processo de divulgação científica, com a ajuda dos jornalistas”, diz o professor. “Os assuntos seriam traduzidos para uma linguagem mais simples, popular, trazendo para o leitor a essência daquela pesquisa ou trabalho”, conclui. O Contecsi, que aconteceu entre os meses de maio e junho, teve mais de cinco mil páginas de trabalhos apresentados em três dias de evento.

A opinião de Riccio vai de encontro ao que pensa o professor Welington Rocha, que também é professor da FEA. Ele é coordenadordo Congresso de Controladoria e Contabilidade, realizado na unidade em julho, e que engloba pesquisas diversas na área contábil. “Embora o evento seja acadêmico-científico, entendo que o produto dos trabalhos deve cada vez mais sinalizar concretamente para sua utilização no mundo das organizações”, aponta o professor. “Isso é ainda mais necessário na contabilidade, que é uma ciência social aplicada por natureza.”

A ausência de uma integração forte entre universidade e demais setores da sociedade também reflete o atraso científico-tecnológico não só no Brasil, mas na América Latina como um todo. “O distanciamento entre faculdades e empresas acaba impedindo o surgimento de novas tecnologias”, é o que diz o professor Paulo Feldmann, também da FEA. Ele representou o país na International Conference on Technology Management (ICTM), realizada no mês de julho em Bangalore (Índia), e observou que o avanço tecnológico é maior onde a relação acadêmica com a sociedade é maior. “As empresas precisam do conhecimento científico das universidades, o que as ajuda na produção de inovação, e as universidades necessitam saber o que as empresas fazem de interessante e onde aplicam seus recursos em tecnologia”, aponta Feldmann.

Embora a integração entre sociedade e universidade precise ser fortificada, os congressos vêm trazendo grandes frutos à USP, no que diz respeito à produção de conhecimento. Além disso, está ocorrendo uma constante valorização de trabalhos produzidos por alunos de graduação e pós-graduação, e a integração com outras instituições do país e do mundo é cada vez maior, o que contribui para a reputação internacional da Universidade. Resultado disso é o crescente volume de trabalhos apresentados no Contecsi e no Congresso de Controladoria e Contabilidade em cada edição.