São Paulo (AUN - USP) - Pequenas galáxias irregulares têm campos magnéticos fortes e são capazes de modificar trajetórias espaciais, é o que aponta a dissertação de mestrado finalizada em 2012 A estrutura do campo magnético na Pequena Nuvem de Magalhães, de Aiara Gomes, orientada pelo professor Antônio Mário Magalhães do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.
O objetivo principal foi mapear o campo magnético interestelar nas regiões Nordeste e da Asa da Pequena Nuvem de Magalhães (PNM), uma galáxia irregular, pobre em metal e satélite da Via Láctea, onde se situa a Terra. “Estas regiões foram escolhidas, pois acredita-se que no passado a PNM e a Grande Nuvem de Magalhães (GNM) sofreram uma ‘colisão’ e foram estas as regiões mais afetas”, explica Aiara. “Nós queríamos investigar a estrutura do campo magnético nesta área, para estudar se ele teve alguma importância dinâmica nesta ‘colisão’ passada”. Colisões, falando-se de objetos astrofísicos, não são colisões diretas, mas quando os objetos apenas aproximam-se de uma distância suficiente para que a interação entre eles possa modificar sua estrutura e dinâmica.
Visando verificar se de fato existe um campo magnético insterestelar, e qual a sua importância dinâmica para esta galáxia, a pesquisadora foi capaz de construir um catalógo para cerca de 7.000 estrelas, sendo que os catálogos anteriores possuem apenas algumas centenas. “Com esse estudo verificamos que o campo magnético interestelar da PNM possui direção bastante aleatória, resultado que também é observado para outras galáxias irregulares”, explica Aiara. “Porém, apesar de bastante irregular, ele possui importância dinâmica para esta galáxia.”
O inédito estudo nunca fora levado até o fim anteriormente por um estudante. Os dados foram colhidos no Cerro Tololo Inter-American Observatory, localizado no Chile, em 1992 pelo professor orientador da pesquisa.