São Paulo (AUN - USP) - Foi ministrada, no final de novembro, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU), pelo cirurgião-dentista Thiago Carôso Froes, a palestra Saúde bucal no idoso: mitos e verdades. A apresentação fez parte da 14ª Jornada de Estudos Envelhecer Sorrindo, evento organizado pela Faculdade de Odontologia da USP (FO).
O primeiro mito a ser criticado por Froes foi o de que é normal perder dentes com o envelhecimento. "O próprio idoso, por pressão social, acaba acreditando que isso é natural. Não é!”, afirma. “O Brasil, inclusive, apresenta um número crescente de idosos com dentes saudáveis." Segundo ele, o próprio idoso “deve ser o agente modificador desta mentalidade”, conscientizando-se de que, com uma boa higiene bucal, seus dentes podem ser saudáveis como os de qualquer outra pessoa.
A segunda observação foi relativa aos cuidados com a prótese dentária. Para Froes, existe um senso comum de que quem usa tal aparato encontrará dificuldades para sorrir e para se alimentar. "A prótese não impede a saúde bucal. Exige, no entanto, alguns cuidados além da escovação, como a troca de quatro em quatro anos." A insegurança quanto ao uso de prótese também pode acarretar, indiretamente, a subnutrição. Isso ocorre quando o paciente passa a orientar sua alimentação pela consistência dos alimentos e acaba não ingerindo os nutrientes necessários.
Após desmentir tais mitos, Froes apontou alguns aspectos relativos ao câncer bucal em idosos. A incidência desse tipo de câncer aumenta com a idade, com lesões repetitivas causadas por próteses mal adaptadas e com o fumo e o álcool. Essa série de especificidades demanda uma especialização de cirurgiões-dentistas brasileiros no tratamento à terceira idade, dado que tal faixa etária é cada vez mais representativa no País. Froes estima que em 2050, o Brasil seja o país com o maior número de idosos do planeta. Apenas a cidade de São Paulo já apresenta aproximadamente 1,4 milhão deles.
Cuidados
O cirurgião-dentista Thiago Carôso Froes apontou aqueles que considera os quatro fatores principais para a promoção de uma boa saúde bucal. São eles a informação, a prevenção, a vontade e a ação, que só podem ser concretizados pela parceria entre cirurgião dentista e paciente. O primeiro deve informar o segundo para que este se trate da maneira adequada. O segundo deve mostrar dedicação, o que, no caso dos idosos é, muitas vezes, o principal entrave, em função da mencionada pressão social.
Froes apontou erros comuns nos hábitos higiênicos que devem ser corrigidos pelo profissional, começando pelo uso de fio dental. "O fio dental deve ser movimentado para frente e para trás no espaço interdental até que consiga se inserir e chegar à gengiva", explica. “Se for colocado com força, diretamente, pode causar sangramentos.” Outro hábito comum, segundo o cirurgião dentista, é utilizar apenas um segmento de fio para toda a dentição, o que apenas transfere as bactérias de um espaço interdental a outro. “O fio dental deve ser usado sem economia, um pedaço dele para cada movimento.”