ISSN 2359-5191

12/12/2012 - Ano: 45 - Edição Nº: 129 - Arte e Cultura - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Mestre pela FAU compara processo criativo do cinema e da arquitetura

São Paulo (AUN - USP) - Uma dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo traçou um paralelo entre o processo criativo da arquitetura e do cinema. A curiosa pesquisa foi realizada pela arquiteta Paula Constante, que buscava desde seu Trabalho Final de Graduação (TFG),transcender o academicismo arquitetônico e atingir um público mais amplo. “Disse ao professor Silvio M. Dworecki, meu orientador, que queria fazer um trabalho que não fosse puramente técnico, que tivesse uma história. Ele logo respondeu: ‘Então o que você quer fazer é cinema’.”

Terminada a faculdade, Paula iniciou um curso técnico de direção cinematográfica. Ainda no primeiro semestre de aulas, levantou semelhanças entre os processos de produção das duas áreas. No ano seguinte, iniciou seu mestrado na FAU, tomando como ponto de partida a obra da autora Cecília Almeida Salles. “Seus livros tratam da análise do processo de criação dos artistas em suas mais variadas formas de expressão”, conta. “Sua abordagem nos ajudou a decidir a forma com que levantaríamos os dados: entrevistas registradas em vídeo que teriam um mesmo roteiro para arquitetos e cineastas”. Tal roteiro, segundo a arquiteta, não continha perguntas claramente formuladas, mas sim, temas a serem abordados, com liberdade para adaptar-se aos diferentes entrevistados.

Foram recolhidos então depoimentos de três arquitetos e três cineastas, além de consultadas declarações publicadas de nomes consagrados como Woody Allen e Sérgio Ferro. Nos primeiros passos da pesquisa já surgiram as primeiras possíveis comparações entre a arquitetura e o cinema. “Tanto em um quanto em outro o processo de criação é registrado através de linguagens diversas da linguagem final” aponta. “Isto é, o arquiteto pensa o espaço através do desenho e não do espaço propriamente dito. O cineasta pensa o conjunto imagem e som através de texto.”

Em certo ponto, no entanto,as duas áreas divergem e dificultam as analogias. Alguns cineastas utilizam o storyboard [quadrinhos] para desenvolver seus roteiros e alguns arquitetos partem para o uso de maquetes ou modelos. “Neste momento a arquitetura torna-se muito diferente do cinema, porque o roteiro continua a ser modificado, escrito, criado durante as gravações das cenas. Na arquitetura esses improvisos não são muito bem-vindos, principalmente por conta dos custos”, ressalta Paula. Segundo ela, os processos poderiam ser assemelhar-se mais se o arquiteto conseguisse sair do escritório e acompanhar toda a duração de duas obras, ou se o cineasta elaborasse um roteiro completamente fechado, sem o improviso do set de filmagem.

Questionada sobre as limitações arquitetônicas e flexibilidade cinematográfica, Paula concorda que, via de regra, o cinema possui um potencial narrativo maior do que o da arquitetura. No entanto, a arquitetura não deixa de carregar um “imenso potencial de transcendência da realidade. “A começar pelo fato de que ela tem uma duração completamente diferente da de um filme”, afirma.

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