São Paulo (AUN - USP) - Com o título de Usando redes de contato para responder a desafios institucionais: dois casos da indústria agrícola (vinho) Argentina, o evento foi realizado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA). O palestrante, Daniel Friel, professor da Universidade de San André, na Argentina, comentou sobre modelos de organização usados nos países da América Latina. O evento foi organizado pelos professores Sylvia Saes e Afonso Fleury e contou com a presença do debatedor, professor João Amato, da Escola Politécnica da USP (Poli).
Segundo Friel, as indústrias buscam uma análise de cinco fatores para se instalar em um lugar: o governo, as questões industriais, o sistema de treinamento, o relacionamento entre empresas e as leis trabalhistas. Ele identificou que, nos países latinos, as empresas não conseguem um equilíbrio compatível entre esses valores, porque o mercado é menos desenvolvido do que em grandes centros mundiais como os Estados Unidos e a Europa.
No entanto, destacou casos onde empresas latinas obtiveram sucesso com métodos diferenciados. Um desses é o da empresa argentina Arcor, que obteve grande crescimento no mercado nos últimos anos. “A Arcor se destaca não por ter um produto muito bom ou um preço muito baixo, mas por ter o equilíbrio, oferece um preço razoável e uma qualidade satisfatória”, afirmou Friel.
Outro ponto diferenciado do modelo da empresa é que ela treina seus próprios trabalhadores. Além disso, possui a filosofia de manter os trabalhadores na empresa por muito tempo, então, quando estabelece uma fábrica, procura se integrar à comunidade local, onde está grande parte dos seus operários. O professor comentou essa filosofia: “Um dos feitos da empresa foi construir um centro médico na região de uma de sua fábricas. Outra medida é bancar a aposentadoria precoce dos trabalhadores, o que traz grande integração e motivação a eles”.
O professor João Amato também fez suas considerações sobre esses novos modelos. Segundo ele, a apresentação de Friel é importante pois discute as variedades dos modos de produção do capitalismo e destaca a necessidade de adaptação dos modelos à cada região.
Ao discutir outros cases, como a empresa que paga os agricultores com os grãos e não dinheiro, o professor comentou: “Isso se assemelha a uma situação de pré-capitalismo, algo parecido com escambo”. No entanto, para Friel, a questão é mais complexa: “Pode sim se chamar de pré-capitalismo, mas também podemos estar falando do capitalismo do futuro. Ele está sempre mudando e evoluindo, o importante é manter o mais rentável possível”.