São Paulo (AUN - USP) - Que o preço é um fator determinante na compra de preservativos pela classe social de baixa renda já se sabe. Mas que a marca também é um atributo bastante influente, foi constatado através da dissertação de mestrado feita por Eduardo Neder Issa Junior, estudante da Faculdade de Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
O trabalho, intitulado "Comportamento do consumidor de baixa renda – um estudo sobre o processo de compra de preservativos", foi feito com base numa pesquisa do autor com aproximadamente 110 homens entre 14 e 65 anos de idade que ganham até 10 salários mínimos. Foi usado o método "Conjoint Analysis" (Análise Conjunta), que funciona da seguinte forma: primeiro, distribuem-se cartões contendo o nome dos produtos que serão pesquisados e algum determinado atributo; depois, pede-se que os entrevistados coloquem os cartões na ordem de sua preferência se fossem consumidores, com base no produto e no atributo; por fim, é só comparar e medir a freqüência das respostas de acordo com cada faixa etária.
A escolha desse segmento para pesquisa considerou três premissas: a grande incidência de casos de AIDS no Brasil, a alta taxa de fecundidade de mulheres de baixa renda e a maior proporção de pessoas sexualmente ativas nas classes econômicas mais baixas.
Feita a pesquisa, os resultados principais mostram o seguinte: os itens mais valorizados pelos homens de baixa renda na compra de preservativos são, nessa ordem, o preço e a marca, aspectos que flutuam dependendo da idade, pois os jovens geralmente não se importam em pagar um pouco mais pelo produto e preferem a marca, o contrário dos mais velhos; o formato, a espessura e a textura do preservativo, relacionados ao conforto, foram atributos menos valorizados, mas, mesmo assim, na opinião de Eduardo, deveriam ser considerados quando se traça uma estratégia de marketing; Jontex e Olla são as marcas de camisinha mais valorizadas, enquanto as outras apresentam rejeição; camisinha, pílula, tabelinha e DIU foram os preservativos de que os entrevistados mostraram mais conhecimento, mas os três últimos foram sendo menos citados à medida que a renda da classe social decrescia.
A pesquisa incluiu ainda a freqüência de compra, em que as respostas "semanal" e "quinzenal" predominaram, e a quantidade de compra, cuja votação foi maior em "embalagem de três" e "embalagem de seis".
Os resultados mostraram algumas divergências com os de uma outra pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. Eduardo não sabe bem o motivo, mas acredita que seja pela diferença de metodologia empregada, já que o Ministério da Saúde fez a pesquisa dos atributos individualmente, sem considerar a combinação que é feita no método da "Conjoint Analysis".
Eduardo reconhece as limitações de sua pesquisa ao não incluir as mulheres e outros segmentos socioeconômicos. A intenção da pesquisa foi, traçando o perfil do consumidor de preservativos de baixa renda, definir políticas públicas e estratégias de propaganda mais eficazes voltadas a esse segmento para difundir as marcas genéricas e as marcas já posicionadas no mercado, bem como auxiliar empresas que querem lançar um novo produto.