ISSN 2359-5191

14/10/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 14 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Bienal de São Paulo ganha estudo sobre suas repercussões
Professor da FAU-USP estuda o posicionamento da Bienal no cenário artístico mundial

São Paulo (AUN - USP) - Em época da sua 26ª edição, a Bienal de Arte de São Paulo está sendo objeto de um profundo estudo. Edições anteriores do evento também são ponto de partida de uma pesquisa que procura ressaltar a relação dos artistas com a exposição, a repercussão das obras, entre outros tópicos. Uma tarefa que pode ser considerada um tanto quanto complicada. Só nesse ano são expostos trabalhos de 135 artistas de 62 países, ligados a correntes artísticas bem diversificadas. Em duas semanas, a exposição já recebeu mais de 172 mil visitantes.

O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Agnaldo Farias, assumiu como desafio entender as influências da Bienal paulistana. A pesquisa desenvolvida por Farias é dividida basicamente em três linhas: a relação dos artistas brasileiros com a Bienal, a própria exposição no cenário mundial e sua museografia – estudo do desenho do espaço.

Segundo Farias, “o impacto das bienais vem diminuindo progressivamente, já que ela não é mais a única fonte de informação de arte contemporânea do Brasil”. A maior circulação de informações pela internet e o menor custo, ao viajar, para ver exposições no exterior, principalmente na última década, foram fatores que tiraram um pouco da importância da Bienal de São Paulo, que é uma das três maiores do mundo. Mesmo assim, “a comunidade artística brasileira tem sido muito influenciada no decorrer das exposições”.

Artistas como Nuno Ramos, Paulo Monteiro e Carlito Carvalhosa têm exemplos de trabalhos que foram estimulados pelas bienais. Sem mencionar os artistas da década de 1960, que tiveram, segundo Farias, “uma chacoalhada com a exposição da Pop Art”. Esses são somente alguns dos casos do estudo do professor, e que certamente terão um aumento considerável a partir desse ano. Com entrada gratuita, a Bienal proporciona uma difusão de questionamentos artísticos para uma maior parcela da população.

Outra vertente da pesquisa é a de como a Bienal acompanha as principais tendências no mundo das artes. “A exposição consegue ser uma das arenas mais importantes do mundo das artes contemporâneas”, afirma Farias.

Quanto aos estudos da concepção e montagem no espaço (museografia), a pesquisa evidencia um último aspecto. “A solução arquitetônica das obras no espaço se faz tão importante quanto a própria escolha dos artistas participantes”. O curador de uma exposição assume normalmente as responsabilidades de criação de um tema, convidar artistas que são referências e que tenham obras relacionadas ao tema, e depois montá-las cuidadosamente no espaço. “Existem bienais em que a escolha dos artistas ou a disposição das obras não são coerentes com o tema pré-definido. Isso é normal, já que o curador, assim como um crítico de arte, vive ‘colado’ em seu tempo; não tem tanto distanciamento como um historiador”. Daí a importância desse estudo discutir com mais “distanciamento” o que já foi feito.

Essa pesquisa tem uma previsão de término em 2006, e virá acompanhada de um outro trabalho na área. Paralelamente, Farias está elaborando um livro de entrevistas com os artistas mais influentes que participaram da Bienal, e que também será concluído em menos de dois anos. Ou seja, até a próxima Bienal, uma gama de análises já estará à disposição do público para melhor entender e avaliar as obras em exposição.

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