Ocorreu nos dias 25 e 26 de março, o I Workshop sobre Mapeamento Conceitual na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH), também conhecida como USPLeste. Com o objetivo de disseminar as técnicas de mapeamentos conceituais, o workshop previu ainda, aumentar a participação de brasileiros na Sexta Conferência Internacional sobre Mapas Conceituais (Sixth International Conference on Concept Mapping), que ocorrerá em 2014, aqui, no Brasil.
Para professor Alberto Cañas, os mapas conceituais podem ser utilizados em vários momentos durante as aulas pois melhoram a compreensão dos estudantes
Na abertura do evento, o professor Paulo Rogério Miranda Correia, organizador do evento, explica que mapa conceitual é uma “técnica de representação e organização do conhecimento”. Trata-se de uma ferramenta gráfica que estrutura, hierarquiza, diferencia e relaciona conceitos, podendo ser utilizada como instrumento de ensino e aprendizagem, ou ainda, como instrumento avaliador ou organizador curricular.
Exemplo de Mapa Conceitual que tem como pergunta focal “Quais nossos interesses de pesquisa?” retirado do site da EACH-USP criado com IHMC Cmap Tools (http://www.each.usp.br/cmapping/linhapq.html)
Exemplo de Mapa Conceitual que tem como pergunta focal “Quais nossos interesses de pesquisa?” retirado do site da EACH-USP criado com IHMC Cmap Tools (http://www.each.usp.br/cmapping/linhapq.html)
O professor Alberto Cañas, diretor associado e pesquisador sênior do Institute for Human & Machine Cognition (IHMC), e, também, primeiro conferencista do workshop, falou da “Visão Geral sobre Mapas Conceituais”. Ele explica que esse “conhecimento organizado” é proveniente de um “processo”, pois o estudante deve dominar determinado assunto para que consiga elaborar um mapa completo, do começo ao fim. O professor Cañas mostrou, através de gráficos e fotos, a eficiência dessa ferramenta aplicada ao ensino, em um colégio na Costa Rica de educação integral: imediatamente após a adoção dos mapas conceituais, a taxa de aprovação caiu, o que pode ser explicado pela “novidade”, pela forma de implantação. Nos anos seguintes, as taxas de aprovação chegaram a 100%, provando a eficácia.
Diante disso, chega-se a conclusão que os estudantes que compreendem o tema, conseguem fazer um mapa conceitual e vão bem, diferentes daqueles que não dominam o assunto. E isso se conecta com o que o professor Ítalo Modesto Dutra, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, disse na Mesa-Redonda I, que falava sobre Mapas Conceituais Aplicados no Processo de Ensino e Aprendizagem. Para ele, a aprendizagem conceitual consistente implica uma capacidade do estudante de estabelecer relações entre os diversos atributos que contribuem para a construção de um conceito. Isso pode se dar de forma cada vez mais complexa, que ao mesmo tempo, pode delimitar e expandir as significações abrangidas pelo conceito.
Há várias formas de se aplicar a técnica de mapeamento conceitual. Desde o ensino básico ao superior, do mestrado a doutorado. É nesse campo que a professora Patrícia Lupion Torres, da Pontíficia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) trabalha, incentivando suas turmas de mestrado e doutorado a utilizar mapas. No entanto, em sua fala, a professora diz “não entender” os colegas professores e estudantes que acreditam que mapas conceituais seja uma forma tecnicista de ensino, quadrada e “cartesiana”, e que provavelmente eles não conheçam profundamente a ferramenta. Nenhum mapa é igual ao outro, pois cada um é construído de acordo com o seu conhecimento, estruturado de acordo com seu pensamento. É por isso que muito professores acreditam que mapas conceituais seja uma forma delicada de avaliação.
Os estudantes podem ainda trabalhar de forma individual ou coletiva. Ou seja, os mapas conceituais possibilitam um ambiente de discussão e debate. Para a professora Maria Elena Infante-Malachias, também organizadora do evento, quando se fala em vantagens e limitações, elas são das pessoas, e não da ferramenta, da metodologia.