São Paulo (AUN - USP) - Alguns parâmetros de qualidade de energia elétrica podem estar sendo medidos de forma inadequada na rede de distribuição. A causa do problema está na configuração de alguns medidores digitais, que não permite a identificação de variações no padrão de sinais de corrente e tensão. O estudo do comportamento destes aparelhos deverá compor a tese de doutorado do pesquisador Sílvio Xavier Duarte, do Centro de Estudos em Regulação e Qualidade de Energia (Enerq), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Os medidores digitais, instalados em subestações de distribuição de energia, registram de forma periódica os sinais da rede elétrica. “São como fotografias”, compara Duarte. Quando a taxa de amostragem do aparelho é muito baixa, menos “fotografias” são batidas e menos oscilações flagradas. Testes realizados no Enerq comprovaram as primeiras hipóteses de Duarte. “Pode haver diferenças na medição de potência (composição de sinais de tensão e corrente) dependendo da taxa de amostragem”, constata o pesquisador.
Variações de corrente e tensão, ainda que ocorram em um curto período de tempo, podem danificar componentes eletrônicos sensíveis, como chips e microprocessadores. O maquinário industrial também pode ter seu funcionamento comprometido. O engenheiro da distribuidora paulista Eletropaulo, Alexander Tenório, diz que a concessionária não tem apresentado problemas com seus medidores, pois seus equipamentos trabalham com altas taxas de registro. “O ponto principal é a necessidade de padronização das taxas e dos métodos de cálculo dos aparelhos”, aponta Tenório. “Às vezes um cliente apresenta medições diferentes das nossas, e sabemos que isso acontece em razão das taxas de registro”. Nestes casos, conta, as medições podem ser realizadas em um terceiro aparelho.