ISSN 2359-5191

21/10/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 15 - Sociedade - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Assessores divergem sobre ligação de prefeito com outras esferas
Questão importante em São Paulo, onde o futuro governante da cidade será necessariamente do mesmo partido do governador ou do presidente

São Paulo (AUN - USP) - O que é melhor: o prefeito ser do mesmo partido do governador ou do presidente? Este questionamento evidencia-se com a decisão nas eleições municipais de São Paulo do próximo dia 31. Isto porque os candidatos que concorrem, José Serra e Marta Suplicy, são, respectivamente, do PSDB, como o governador Alckmin, e do PT, como o presidente Lula.

Dois entrevistados, André Franco Montoro Filho ( amontoro@usp.br ), responsável pelo programa econômico de Serra, e Ari Vieira (arisol@uol.com.br ), coordenador da campanha de Marta, divergem quanto a essa questão. Montoro, formado em Economia pela FEA-USP e professor da disciplina de pós-graduação Economia do Setor Público, acredita que seja mais interessante o prefeito e o governador serem do mesmo partido. Ari, sociólogo e advogado formado pela PUC-SP, participa do governo da prefeita Marta Suplicy. Ajudou a elaborar projetos sobre acessibilidade e mobilidade urbana no Sistema Integrado de Transporte Público e em Programas Sociais. Ele realça a importância da relação do prefeito com o presidente.

Montoro argumenta que como, por definição, ser do mesmo partido significa ter as mesmas prioridades, isso facilitaria a articulação de projetos entre o Município e o Estado, citando o exemplo de obras viárias que podem ser feitas conjuntamente para melhorar o trânsito. Enquanto que o prefeito ser do mesmo partido que o presidente não seria tão necessário, já que a capital paulista já recebe inevitavelmente menos verba da União, por ser mais rica que as outras cidades.

Por outro lado, Ari considera importante ressaltar para a população as dificuldades que a prefeitura de São Paulo, nos dois primeiros anos de mandato, teve no governo Fernando Henrique e o melhor relacionamento que ela teve, e tem, nos dois últimos anos de mandato, com Lula. Este estabeleceria um relacionamento normal, qualquer que seja o prefeito, na opinião de Ari, pelo conhecimento que tem do presidente atual e pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que disciplinou esse relacionamento. Montoro também acredita que esta será a atitude de Lula.

Ambos concordam que a questão da afinidade partidária não deveria ser decisiva numa eleição, a menos que haja, segundo Montoro, "um antagonismo de tal ordem entre a Prefeitura e o Estado que possa prejudicar alguns programas", defendendo uma relação entre as esferas pautada pelo "espírito de cooperação", e não de "competição". Ari acrescenta que União, Estados e Municípios são independentes na sua formação administrativa conforme determina a Constituição, tornando a questão da afinidade partidária apenas um instrumento de persuasão na estratégia de campanha. Corrobora com essa visão o fato de os Municípios possuírem fontes de arrecadação própria, como o IPTU.

É ético Lula e Alckmin darem esse apoio aos candidatos? Montoro e Ari concordam que sim, se agirem como cidadãos, e não colocarem no meio da história a máquina pública. Para ambos, este apoio está acontecendo de modo mais incisivo pela avaliação positiva que os dois governos estão tendo junto à população. Montoro cita ainda a postura própria, o estilo e a tradição para justificar esse apoio e explicar, na sua visão, por que Lula está expressando seu apoio de modo mais firme do que Fernando Henrique fazia.

Para Montoro, a ligação do candidato Serra com o governador é um ponto que está sendo bem aproveitado, não só por serem do mesmo partido, mas pela falta de articulação da atual prefeita com o governo. Já Ari vê essa ligação no caso de Serra como mais grave ainda, já que, alfineta, "ele não tem nenhuma proposta de governo, foi ministro da Saúde, onde se viu um alastramento da dengue, foi responsável pela alta dos juros adotada no governo anterior e jamais concluiu um único mandato em que foi eleito".

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