ISSN 2359-5191

19/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 7 - Saúde - Escola de Educação Física e Esporte
Em palestra na EEFE, Ricardo Capriotti discute a cultura esportiva brasileira
Jornalista da Rádio Bandeirantes apresentou o projeto “Fôlego” e explicou os porquês de o brasileiro não ser tão próximo do esporte

O jornalista Ricardo Capriotti proferiu uma palestra na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE-USP) com o objetivo de esclarecer os motivos que fazem do esporte uma das principais formas de melhorar a vida da população em geral. Ele, que tem como costume organizar palestras para o público leigo em relação às práticas esportivas e como objetivo incentivar tais pessoas a “levantarem do sofá”, teve de fazer algo diferente: dialogar sobre esporte com estudantes e profissionais da área de educação física.

Programa Fôlego

Capriotti foi o idealizador do que hoje é o programa de rádio com a maior quantidade de ouvintes do Brasil nas manhãs de domingo: o Fôlego, da Rádio Bandeirantes. Destinado a orientar e direcionar as pessoas interessadas em ingressar na vida esportiva — com foco na corrida de rua — , o programa foi incluído na grade horária da emissora em setembro de 2008, um ano após Ricardo apresentar o projeto aos diretores e editores de sua redação.

Na parte inicial da palestra, o jornalista explicou que a motivação para o desenvolvimento de tal projeto veio, principalmente, do seu interesse por corridas de rua — como esportista, quando praticava caminhadas pela Cidade Universitária e como profissional, quando trabalhou na cobertura da quase centenária São Silvestre. Ele, nos primeiros anos do século 21, passou a perceber o crescimento do interesse das pessoas pelas atividades físicas, principalmente nos grandes centros urbanos — comprovado, posteriormente, pelo expressivo número de ouvintes de seu programa semanal. Incentivado por tal fato, criou o projeto Fôlego e viu, em quase cinco anos, milhares de pessoas consideradas sedentárias se transformarem em assíduos praticantes de esportes.

Um dos princípios básicos do programa dominical é importância dada à segurança e à regularidade dos iniciantes nas práticas de exercícios físicos, conforme Capriotti apresentou aos estudantes, professores e profissionais da área. “A nossa grande preocupação é fazer com que as pessoas se motivem a sair de casa, a caminhar, pedalar, correr, nadar, jogar tênis, basquete, o que elas quiserem fazer como atividade física regular”, disse. “E que elas façam isso com segurança. Que elas não se machuquem e não tenham o desestímulo de, machucadas, deixar a atividade física de lado”. Segundo o jornalista, a orientação adequada é a chave para o então leigo conseguir, de fato, entrar na vida dos esportes sem perspectivas de abandoná-la.

O papel da mídia


Os resultados do projeto Fôlego foram além do objetivo inicial, de estimular a população em geral a praticar exercícios físicos. A ousadia, em termos profissionais, do jornalista Ricardo Capriotti fez com que outros veículos midiáticos saíssem do marasmo e também criassem os seus programas de cunho incentivador ao esporte, conforme relatado por ele mesmo. “A partir de um projeto, tivemos ramificações que hoje abastecem a programação de outros veículos”, contou. “Fico feliz em poder observar que a partir de alguns anos outros grandes veículos de comunicação também passaram a direcionar uma atenção especial à atividade física”, apontou. “Se ficarmos restritos a uma mídia eletrônica, vamos ver que a Rede Globo tem todas as manhãs um programa direcionado à atividade física, ao incentivo das pessoas a se mexerem.”

Capriotti também fez questão de destacar o valor que isso tem enquanto prova de que os cidadãos querem, cada vez mais, se exercitar. “Quando observamos a principal emissora de televisão do país dedicando uma hora por dia de sua grade de programação, a gente entende que as pessoas estão necessitadas, estão buscando informação, estão buscando as atividades físicas.”

Cultura do Esporte no Brasil

Ricardo finalizou a palestra alertando sobre um grave problemas vivenciado pelas crianças brasileiras no que diz respeito ao processo de formação cultural-esportiva. “Culturalmente, nosso país é sedentário. A raquítica cultura esportiva que nós temos vem das aulas de educação física das escolas que, infelizmente, são muito ruins. Não é nem uma questão profissional, é uma questão estrutural”, lamentou Capriotti. “Não conseguimos oferecer para os alunos aulas de qualidade. O profissional chega na escola e muitas vezes não encontra a tal estrutura. Ou seja, nós, brasileiros, não somos incentivados a nos mexer.”

O jornalista conta, com orgulho, que o Fôlego tem como princípio fundamental estimular os cidadãos a encontrarem aquele esporte que seja considerado ideal para cada um, justamente em contramão do que é visto na cultura nacional. “Nós pregamos demais que, para as pessoas se sentirem motivadas, incentivadas, elas precisam gostar do que fazem. Mais importante do que incentivar as pessoas a saírem do sofá para praticar uma atividade física é fazer com que elas encontrem uma atividade física que lhes dê prazer, que vá mantê-las ativas para o resto da vida.”

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