O professor Edilson Serpeloni Cyrino, pesquisador da Universidade Estadual de Londrina (UEL), expôs aos presentes em sua palestra, na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), a experiência bem sucedida do Grupo de Estudo e Pesquisa em Metabolismo, Nutrição e Exercício (Gepemene). O objetivo do debate foi aproximar os alunos e professores dos motivos que levaram esse grupo a obter êxito e do funcionamento de pesquisas acadêmicas em geral e, mais especificamente, da liderada por Cyrino.
O nascimento do Gepemene
Edilson começou a palestra expondo as principais dificuldades que enfrentou ao chegar como pesquisador em Londrina. Ele contou que, em um primeiro contato com a UEL, se deparou com uma instituição fraca no que diz respeito ao setor de pesquisas. O próprio corpo docente foi motivo de, nas palavras de Cyrino, “uma decepção”. “Alguns [dos professores] trabalhavam com extensão, mas não faziam o trabalho que a gente espera em termos de qualidade para um projeto de extensão. E a grande maioria não fazia pesquisa”, lamentou.
Foi justamente enfrentar esse ambiente inóspito que motivou o pesquisador a iniciar seu grupo de estudos, em 1997. Perceber que ele poderia ser o primeiro a realmente criar um grande projeto de pesquisa naquele local foi um dos fatores inspiradores para Cyrino. “Fui de sala em sala, apresentando aos alunos quem eu era. Foi assim que começou o grupo. Um grupo de 12 pulou para 15, 20, 30, 40, etc. Assim montei um grupo que, gradativamente, foi formando recursos humanos de qualidade, saiu para fazer mestrado, doutorado, e retornou para a instituição”, contou.
Nas palavras do próprio pesquisador, o grupo, em questão de alguns anos, se transformou em uma “fábrica de talentos” no âmbito acadêmico. O que começou com 12 alunos comandados por um único professor hoje é uma equipe formada por 9 professores doutores, 21 pesquisadores e 45 estudantes.
A receita de um distinto grupo de estudos
O segredo de um grupo de estudos é, acima de qualquer coisa, a figura do pesquisador. Essa é a ideia central passada por Cyrino durante a palestra. Por isso, ele destacou o que considera imprescindível aos integrantes de uma equipe de estudos e pesquisa: “O principal fator é você [na posição de pesquisador] querer. Tem de estar afim. Tem de assumir o compromisso profissional. Ter dignidade, ética. Procurar trabalhar da melhor forma possível atrás de um objetivo que seja palpável”. Edilson disse isso após citar que, no início de seu projeto de pesquisa, seus alunos chegaram a trabalhar sem remuneração. Ou seja, por estarem motivados, por estarem interessado no que faziam.
O líder do Gepemene salientou o comprometimento e a dedicação como fatores primordiais ao sucesso de uma equipe envolvida em estudos e pesquisa. “Dentro de um grupo, o que não pode existir é privilégio. Se há uma reunião marcada para começar 16h e com previsão de término para 18h, ninguém pode chegar 16h15 ou sair 17h (...) Quando isso [pontualidade dos pesquisadores] não ocorre, fico muito incomodado”, confessou. Para Cyrino, a concorrência por vagas no grupo de pesquisa é algo vital, pois é aquilo que motiva o pesquisador a cumprir com suas obrigações de maneira exemplar, pois “ele sabe que se não fizer o trabalho direito, há outra pessoa pronta para entrar no grupo”.
Após o término da palestra, o professor responsável pelos estudantes presentes no auditório, Alexandre Moreira, fez questão de apontar a influência que a apresentação do Gepemene teve em seus alunos “O ponto central aqui é a formação. Daí a importância de eles [os alunos] terem a possibilidade de entrar em contato com um profissional de sucesso na área acadêmica, tanto em termos de profissão, quanto de formação de recursos humanos”, destacou. “Ele [Edilson] tem uma história de organização, de desenvolvimento de grupos de pesquisa. Tanto que muitos daqueles que ele formou estão levando o conhecimento adquirido para outros pontos do país.”