ISSN 2359-5191

24/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 9 - Educação - Instituto de Física
Surpresas preparam o aluno para o aprendizado
Show de Física encanta estudantes com interatividade

Fogo, explosões, instrumentos elétricos de altíssima voltagem e nitrogênio líquido podem não parecer combinar com crianças, adolescentes e música alta. No entanto, eles são apenas alguns dos componentes com os quais alunos da USP, sob a tutela do professor Fuad Daher Saad, apresentam, até dez vezes por semana, um espetáculo criado para despertar, em alunos do ensino fundamental e médio, o interesse pelo aprendizado das ciências.

Fundado há 19 anos, o Show da Física tem como seu principal objetivo não propriamente o ensino da disciplina, mas o preparo do estado emocional dos alunos para o aprendizado. Através das experiências visualmente estimulantes apresentadas no espetáculo, os alunos descobrem que o conhecimento científico pode ser divertido e interessante.

As escolas podem trazer seus alunos para assistir ao show, que ocorre no auditório Alessandro Volta do Instituto de Física (IF) da USP, em qualquer dia da semana, pela manhã ou de tarde. Não é raro que ele seja visto por mais de 100 alunos em um só dia. Além de colégios públicos e particulares de São Paulo, o IF já recebeu também alunos de colégios de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais.

A interação com a plateia é um elemento central do show: todas as experiências exigem a participação de alguns voluntários da plateia. Na maioria das vezes, porém, há apenas um pequeno receio inicial antes dos espectadores se envolverem totalmente com o espetáculo. “Em geral, os alunos são sempre receptivos” comentou Sandro Schott, um dos apresentadores. O motivo dessa ênfase na interatividade, segundo o professor Saad, é trazer à tona uma faceta do aprendizado que raramente é explorada em sala de aula. “Em nossas escolas, de modo geral, o aluno é mudo. O professor fala, o aluno escuta. Lá [no show], não”.

A seleção de monitores para apresentar o espetáculo é feita através do programa Aprender com Cultura e Extensão. Os alunos se inscrevem no programa, selecionam a opção correspondente ao Show da Física e são escolhidos após uma entrevista. Não é necessário nenhum conhecimento anterior, assim como não é exigido que o aluno seja estudante do IF para participar. Graças a isso, até mesmo alunos de Letras e Filosofia já apresentaram o Show.

A experiência no palco, interagindo com os alunos, é de grande valia na hora de lecionar – um trabalho que muitos dos estudantes terão no futuro. Morgana Martins, a integrante mais nova do grupo de monitores, buscava esse tipo de vivência quando entrou: “eu vim também porque eu sou muito tímida, então queria ganhar também essa experiência”.

Mais interatividade, menos blábláblá

            Para o professor Saad, o objetivo central do Show é motivacional: “mostrar [ao aluno] outro aspecto da ciência, que pode ser entendido e até mesmo gostado”. Isso se faz necessário por conta da dificuldade encontrada, por muitos professores de ensino fundamental e médio, de apresentar as ciências para seus alunos de forma estimulante. “A Física é uma das disciplinas mais odiadas, porque o professor só coloca no quadro negro fórmulas e blábláblá”, sem conseguir “capturar o emocional do aluno”. Como prova da eficiência desse método, o ele cita o fato de que “uma parte não desprezível” dos alunos que ingressam na licenciatura em Física o fazem após assistir ao espetáculo.

            Além de seu trabalho com os monitores no espetáculo, o professor também se dedica a desenvolver materiais didáticos e experiências que possam ser usados em salas de aulas por todo o país. Por conta disso, é essencial que os materiais usados nas experiências sejam simples e de fácil aquisição. De fato, boa parte das atrações do Show da Física é realizada com materiais que podem ser encontrados em qualquer casa ou escola: álcool, fósforos, placas de plástico, latas de alumínio, ímãs e garrafas descartáveis.

            Para desenvolver essas experiências, o professor conta com um grande laboratório cheio de tais materiais, além de alguns aparelhos de uso mais específico. “Embora a tecnologia avance muito, nossos métodos de ensino não têm se aproveitado desse avanço”. A criatividade no uso dos materiais, porém, é mais importante para o professor que o uso de equipamentos caros e difíceis de obter, já que é importante que as experiências possam ser realizadas mesmo em escolas que não contem com muitos recursos. 

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