ISSN 2359-5191

29/04/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 12 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Estudo sobre vias neurais do medo em ratos pode ajudar a compreender Síndrome do Pânico

Pesquisas feitas com ratos por especialistas em neurofisiologia do Brasil e dos Estados Unidos demonstram que, diferente do até então defendido pela comunidade científica, tipos distintos de medo   natural e condicional   divergem em seu processamento no organismo.

Essas descobertas são importantes porque tais mecanismos podem se retratar de maneira análogas em seres humanos. Com isso, será possível uma melhor compreensão sobre problemas como síndrome do pânico, ansiedade e estresse pós-traumático.

Além disso, descobriu-se que não são as amígdalas do cérebro as responsáveis pelas reações do corpo em situação de perigo, mas sim o hipotálamo - estrutura do tamanho aproximado de uma amêndoa presente no encéfalo de mamíferos e responsável em controlar funções do organismo relacionadas à sobrevivência do indivíduo, como a sensação de fome, de sede e de apetite sexual.  

 Foi o que mostrou o médico Newton Canteras, do Laboratório de Neuroanatomia Funcional do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP) em um seminário no Instituto de Biologia (IB/USP), ocorrido no dia 5 de abril. O especialista e coordenador do projeto apresentou à comunidade universitária resultados derivados de seu trabalho The many paths of fear ("As diversas vias do medo").  

De acordo com Canteras, as pesquisas realizadas em ratos no ICB, com o apoio do casal Robert e Caroline Blanchard, da Universidade do Havaí, se constituem na indução de estímulos de três medos: o do predador, o impacto do gato diante de um rato; o medo social, como a aversão do rato a um intruso da mesma espécie; e o medo da dor, causado pelo efeito de suaves choques elétricos nas patas dos roedores. Quando o rato foi submetido à presença do predador e ao roedor “intrometido”, sua reação foi muito mais agressiva ao seu organismo se comparado ao impacto criado pelos choques.

A experiência “medo do predador” e “medo social”

Para chegar à conclusão de qual era o “órgão do medo”, os especialistas lesaram, primeiramente, a amígdala do roedor e o expuseram a um gato. Entretanto, o rato reagiu freneticamente à presença do predador, da mesma maneira do que quando esta glândula estava intacta. Então, resolveram afetar uma parte do hipotálamo. Essa atitude fez com que o rato quase não apresentasse mais temor nessa situação. O próximo passo foi constatar qual área do hipotálamo era estimulada na presença do predador e verificou-se que um grupo de células chamado núcleo pré-mamilar dorsal era sensibilizado. “Testando-se a exposição do roedor a seu predador natural, a resposta de medo sensibilizava uma parte do cérebro muito diferente da que era ativada pelo medo de um simples choque elétrico. Assim, começamos a realizar uma pesquisa mais focada em medos inatos”, afirmou Canteras.

A mesma experiência foi feita com o animal, porém quando esse era exposto a um ser da mesma espécie, mas estranho ao território da cobaia. Nesse caso, verificou-se que, apesar de o hipotálamo também ser a região estimulada pelo medo, outro grupo de células, que está mais relacionado à sociabilização, é o responsável pela aversão do ratinho, o qual arqueia as costas numa posição de submissão.

Repercussão

Um artigo escrito pelo médico brasileiro em parceiria com Cornelius Gross, do Laboratório Europeu de Biologia Molecular em Monterotondo, Itália, reune o estudado sobe funcionamento neurológico do medo e foi  capa da Nature Reviews Neuroscience de setembro de 2012.

Créditos da imagem: Eduardo César 
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