ISSN 2359-5191

02/05/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 13 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina
Pesquisador da UFBA analisa a interação do HIV com outros vírus
Apresentada na FMUSP, a pesquisa mostra como os portadores respondem a outras infecções

Carlos Brites, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), apresentou na USP uma pesquisa sobre a interação do HIV com certas doenças virais comuns aos soropositivos . Ele analisou se a presença dos diversos vírus acelerava sintomas ou regredia. A palestra fez parte do VIII Curso Avançado de Patogênese do HIV.

Os primeiros vírus analisados foram o HTLV I e II, que se assemelham ao HIV por atacar o mesmo tipo de célula, as células T, e por ser transmitido pelas mesmas vias. O tipo I está associado a doenças neurológicas degenerativas e hematológicas, como leucemia e linfoma (ATL). Já o segundo tipo não se sabe a quais patologias está associado.

De acordo com Brites é comum soropositivos também se infectarem com o HTLV devido ao modo de transmissão e, nos casos dos pacientes se infectarem com tipo I é provável que haja uma aceleração no desenvolvimento da aids. O HTLV II é aparentemente neutro em relação a aids. Porém a co-infecção gera um pior desfecho neurológico nos pacientes, o que significa que o vírus do HIV pode influenciar um maior desenvolvimento das patologias relacionadas ao HTLV.

Outro vírus analisado foi o HPB, responsável pela Hepatite B. Por ter vias de transmissão iguais a aids essa dupla infecção também é comum.  Foi provado que o vírus HIV também gera um aumento nos sintomas da hepatite e, consequentemente, uma maior mortalidade. A união desses dois vírus com o HTLV também demonstra um agravamento das doenças hepáticas.

Já o vírus da Hepatite C (HPC) gerou respostas diferentes. Quando em presença do HIV os resultados foram similares aos do HPB, gerando maior mortalidade e maior número de doenças hepáticas. Porém, na presença do vírus HTLV houve fortes evidências da diminuição dos sintomas da hepatite. Esses dados podem significar que o vírus HTLV  funciona como uma proteção para o HPC.

A última co-infecção apresentada foi a com o CMV. Esta foi também a com menos dados coletados. O CMV é extramente comum, cerca de 80% a 90% da população já teve contato com o vírus e possui anticorpos. Porém, ele pode gerar infecções, sendo que as mais graves são as que atingem os fetos, através da placenta.

Segundo o professor, o estudo ainda está se iniciando. Porém foi registrado que o HIV aumenta as inflamações causadas pelo CMV. Não há dados sobre a tripla infecção com HTLV.

Apesar dos estudos ainda estarem em andamento, Carlos Brites alerta que as co-infecções geram respostas imunes diferenciadas das respostas dos pacientes com apenas um dos vírus. Ou seja, o tratamento também deve ser diferenciado. Apesar do estudo ainda não ter sido concluído, o pesquisador recomenda um tratamento clínico imediato.


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