ISSN 2359-5191

07/05/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 14 - Arte e Cultura - Instituto de Estudos Brasileiros
Exposição de Mariana Quito acontece no IEB
Antes de se mudar para novo prédio, Instituto homenageia artista portuguesa no ano de comemorações Brasil-Portugual

Na sua última exposição no atual endereço, o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP), que está se mudando para um prédio anexo ao da Biblioteca Brasiliana, traz para o público as gravuras da portuguesa Mariana Quito (1928-2003). A artista, que foi escolhida graças às comemorações do ano Brasil-Portugal, coincidentemente também foi tema da primeira exposição do IEB-USP nesse prédio, em 1992, ocasião em que ela doou parte de seu acervo para o Instituto.

“A exposição foi feita em cima de pesquisas. Não é uma exposição de galeria. É uma exposição pensada”, explica a professora Mayra Laudanna, curadora tanto do evento de 1992 como do atual. Em relação à exposição da década de 1990, Mayra esclarece que apenas uma atualização foi feita, já que não havia muito o que se expandir em relação à pesquisa, por exemplo.

A exposição tem duas salas. Na segunda, a irregularidade de temas e técnicas é evidente, o que a curadora afirmou ter sido algo intencional, para “hiperbolizar a própria gravura dela”. Essa organização também não tem nenhum tipo de sequência temporal. Mayra afirma que fez a escolha de não ter uma ordem cronológica na montagem da sala para quebrar a ideia de uma evolução cronológica, cristalizada na nossa educação. “A artista pode fazer o que quiser. Pode estar em todos os cantos, reaproveitando as coisas”, comenta a professora.

Mariana Quito pode ser considerada uma artista purista. “Ela lutou pela arte da gravura tradicional a vida inteira”, afirma Mayra. Contudo, o que era tradicional na visão de Quito não é o mesmo que considera o grande público. Na sua obra, “não há nada do que as pessoas consideram como gravura tradicional”, de acordo com Mayra. Então, nada da temática única de casinhas e paisagens. Mariana Quito era conservadora no que diz respeito ao caráter humano da arte; ela não acreditava que a união da fotografia e da gravura se justificasse, por exemplo.

Para sustentar essa argumentação, Quito usava a definição de gravura original estabelecida no III Congresso de Artista, acontecido em 1960, em Viena. Baseando-se no que lá foi decidido, Quito afirmou, em 1991, “que só se pode chamar gravura artística a obra em que o artista tenha executado a matriz original.” Ou seja: o toque humano era essencial para que uma gravura pudesse ser chamada de arte. Contudo, quem possa acreditar que as normas de Viena limitassem a obra de Mariana Quito está muito enganado: ela defendia a gravura “tradicional” dentro de sua própria concepção do que significava essa palavra, e usava várias técnicas para fazer a sua arte.

Um ponto que claramente se destaca na sua trajetória foi a intensidade com a qual ela se dedicou à educação. Em vez de dedicar-se à própria carreira, Mariana Quito esforçou-se para preservar a arte que ela defendia e para contagiar novos alunos a defender os seus ideais de gravura. Por todos os lugares que passou, Mariana abriu cursos: fosse na cidade de Amadora, em Portugal, próxima a Lisboa, onde ela se fixou após estudar em Paris, ou então no litoral e na capital do estado de São Paulo, para onde veio em 1975. Em Angola, para onde se mudou em 1970, ela ensinou gravura às crianças na escola de artes plásticas do “Barracão”, que ela fundou com amigos. Apesar de reconhecer o sofrimento do país, a artista não tinha consciência política, de acordo com a professora Mayra. “Ela tinha consciência da dor pessoal”, comenta Mayra, afirmando que acha que Quito acreditava, com a arte, trazer pelo menos um pouco de paz para as crianças angolanas.

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