São Paulo (AUN - USP) - A região do rio Jari, que faz divisa entre os Estados do Amapá e Pará, se beneficiará de projeto social em 2001. Os responsáveis pelo empreendimento esperam obter a adesão de voluntários da FEA, entre os corpos discente e docente, no decorrer do ano. Visando atender crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social, o projeto foi concebido a partir de parceria firmada entre o Pensa, Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial, conveniado com a FEA, e a Fundação Orsa, organização sem fins lucrativos mantida pelo Grupo Orsa.
O Pensa já trabalhava para o Grupo Orsa quando este adquiriu o Projeto Jari (não confundir com o projeto social a ser implementado na área), hoje denominado Jarcel Celulose S.A. Cláudio Machado, integrante da equipe responsável pelo Pensa, explica que, com essa aquisição, a Fundação Orsa teve seu orçamento duplicado, e os desafios também duplicados, já que vai atuar em uma região com problemas gerenciais particulares. O Pensa percebeu, em conjunto com os diretores do Grupo Orsa, que a fundação também precisava de um processo de gestão estratégica, em função da complexidade que ela passou a possuir. "Isso nos motivou a propor que esse projeto que realizamos com a empresa, faríamos também com a fundação, mas de forma voluntária", esclarece Cláudio Machado.
O Projeto Jari, localizado nas proximidades deste rio, foi introduzido em 1967 pelo americano Daniel Ludwig, visando à produção de celulose em plena floresta Amazônica. Devido a problemas financeiros, oriundos do alto custo do estabelecimento de infra-estrutura (porto fluvial, ferrovia e aeroporto, além da fábrica de celulose e da usina termelétrica construídas no Japão e transportadas para o Brasil) e da não adaptabilidade da árvore escolhida (Gmelina arborea) aos solos da região, o controle acionário do projeto Jari passou, em 1982, para um consórcio de 23 empresas brasileiras, lideradas pelo Grupo Caemi. No tempo intermédio, o cotidiano econômico e social da população ribeirinha sofreu grandes transformações, por exemplo, a chegada de imigrantes oriundos de países onde Ludwig possuía empresas, como EUA, México, Chile, Alemanha, China, entre outros.
Em 2000, com uma dívida calculada em US$ 415 milhões, o controle acionário mudou de mãos novamente, desta vez para o Grupo Orsa. O contrato de venda do Projeto Jari prevê a destinação de 1% do faturamento bruto da empresa (Jarcel Celulose S.A.) para a realização de projetos sociais na região.
O modelo de gestão estratégica da Fundação Orsa, a ser criado pelo Pensa, será implantado no segundo semestre de 2001. De acordo com Cláudio Machado, o primeiro semestre será dedicado ao estabelecimento de prioridades, tendo em vista que a região é extremamente carente, e "uma obra assistencialista não é a finalidade da fundação, que procura trabalhar na formação das pessoas, resgatando sua cidadania".