São Paulo (AUN - USP) - O prazo para as inscrições dos interessados em participar do Projeto Oimporama Orerekó termina no dia 30 de março. O projeto, já em andamento, pretende trabalhar melhorias das condições de vida dos índios guaranis da aldeia Tecoá Ytu (do guarani que, em português, seria o mesmo que "Aldeia da Cachoeirinha"), localizada nas proximidades do Pico do Jaraguá.
Elaborado por integrantes do Laboratório de Habitação do Grêmio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (LabHab do GFAU), o Oimporama Orerekó, expressão guarani que, traduzida, significa "melhorando nossa vida", precisa de estudantes e profissionais de outras áreas para ser levado a diante. segundo Francisco Barros, integrante do grêmio, a aldeia necessita de educadores, historiadores, antropólogos, sociólogos, profissionais da saúde como dentistas, médicos, veterinários, e de todos aqueles que estiverem dispostos a colaborar. "O interessado não precisa estar cursando algum curso da USP, o projeto é aberto a todos", esclarece Francisco.
Há dois anos os alunos tiveram a oportunidade de propor para a aldeia a construção de uma casa de tijolos ecologicamente corretos. Tratava-se de tijolos de encaixe que eram fabricados pelos próprios índios a partir de uma mistura de solo e cimento prensada por uma máquina simples e manual. As obras foram, a princípio, financiadas pela empresa fornecedora da máquina. Porém, o material acabou e a empresa não quis continuar contribuindo para a conclusão da casa. A construção ficou um tempo parada por falta de verba, mas atualmente novas parcerias estão sendo negociadas. Segundo as previsões de Francisco, a casa deve estar pronta até o final desse ano.
Enquanto trabalhavam na construção dessa casa, os índios propuseram a construção de uma escola na aldeia para que as crianças não precisassem freqüentar "escolas de branco" e ainda pudessem aprender o guarani. A proposta foi aceita pelos alunos do LabHab que elaboraram o projeto junto com os índios e o apresentaram para o Núcleo de Educação Indígena da Secretaria do Estado de Educação (NEI). O projeto foi aprovado e uma verba foi disponibilizada para sua concretização que contou ainda com a colaboração técnica do Escritório Piloto do Grêmio Politécnico. A escola está quase concluída e deverá ser inaugurada no próximo mês. Os índios querem que as aulas sejam dadas em guarani por professores da aldeia, sem excluir a necessidade de um professor de Língua Portuguesa.
Também faz parte do Oimporama Orerekó a construção da "Casa Guarani", uma estrutura coberta, semelhante ao que os brancos chamam de quiosque, onde os índios poderão se apresentar para grupos de estudantes e vender seus artesanatos. A "Casa Guarani" tem sua inauguração prevista para o mês de abril.
A aldeia Tecoá Ytu possui hoje cerca de 80 índios que ocupam um pequeno terreno legalizado pela Funai (Fundação Nacional do Índios). Esses guaranis necessitam de serviços das mais diversas áreas, visando não só à melhora das condições de suas vidas como também à manutenção da cultura indígena.
Os interessados devem enviar currículo informal resumido juntamente com as respostas das seguintes perguntas: "Qual o papel da Extensão Universitária?" e "Por que trabalhar com a população indígena?". As respostas e os currículos podem ser enviados via e-mail para aldeiajaragua@hotmail.com, ou ser entregues pessoalmente no grêmio da FAU ou no DCE-Livre USP, até o dia 30.