ISSN 2359-5191

21/03/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 01 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Física
Pesquisador do Instituto de Física descobre padrão na estrutura do código genético

São Paulo (AUN - USP) - Nestor Oiwa, pós-doutorando do Instituto de Física da USP, apresentou na última quinta-feira, 15 de março, um seminário entitulado "Natureza fractal do DNA mitocondrial." Durante o encontro, o cientista divulgou os resultados de sua mais recente pesquisa. Oiwa acaba de retornar de um estágio na universidade Notre Dame, localizada na cidade norte-americana de mesmo nome, onde investigou, em colaboração com o pesquisador James Glazier, o conteúdo das partes do genoma que codificam proteínas e regulam a expressão dos genes. "Queríamos mostrar que existe um padrão na formação das moléculas bioquímicas e que é possível compreendê-lo a partir da seqüência de nucleotídeos no código genético," explicou o brasileiro.

Oiwa e Glazier partilham a crença de que, além de mapear os genes, é preciso compreender melhor a maneira como eles estão dispostos ao longo da molécula de DNA. Vale frisar que o Projeto Genoma não produziu unicamente o inédito mapa do DNA humano. Gerou também um novo paradigma para o estudo da Genética. Contrariando as expectativas da comunidade científica, descobriu-se no DNA o código de apenas 30.000 genes contra os 100.000 estimados antes do levantamento da seqüência. A informação genética em si não é, portanto, o único fator determinante da complexidade do ser humano.

A pesquisa de Nestor Oiwa constitui-se forma de uma análise da organização do DNA encontrado na mitocôndria . Trata-se de uma versão mais simples da molécula presente no núcleo das células—contém menos genes, e as seqüências de reações bioquímicas que acontecem dentro da organela são bem conhecidas. Em novembro do ano passado, Oiwa e Glazier descobriram que o código genético mitocondrial é repleto de palíndromos: seqüências de bases que se repetem quando lidas de trás para frente (algo semelhante ao que ocorre com a frase ‘Socorram-me subi no ônibus em Marrocos’).

Uma vez detectados padrões na informação genética, era preciso definir a lógica que organizava as repetições. Para tanto, os pesquisadores empregaram uma técnica chamada análise fractal. Fractais são formas irregulares que não podem ser descritas através da geometria clássica, euclidiana. Estruturas fractais, apesar de compostas por unidades repetidas, não são periódicas. "É como o que acontece com o clima. Sabemos que chove à tarde no verão, porque detectamos um padrão, mas nunca temos certeza absoluta de que vai chover, porque esse padrão não é periódico,"explicou Oiwa. A análise fractal permite descobrir se ocorrem ou não repetições em uma estrutura. É também uma técnica para se quantificar a complexidade da forma estudada.

Oiwa e Glazier concluíram que o código genético dos mamíferos está organizado de forma multi-fractal conferindo-lhes, do ponto de vista metabólico, um alto grau de complexidade. Os dois cientistas descobriram a lógica por trás da estrutura do DNA. Resta agora compreender melhor os efeitos dessa forma de organização. "Aí, então, poderemos analisar doenças como o Câncer e descobrir o porquê da ativação ou não de um determinado gene", afirmou Oiwa.

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