São Paulo (AUN - USP) - Questões como a forma de contenção de pacientes especiais durante o tratamento odontológico foram o centro das discussões promovidas durante evento, no último dia 29 de outubro, na Faculdade de Odontologia (FO-USP) . A IV Jornada Odontológica do Cape (Centro de Atendimento a Pacientes Especiais), reuniu, durante todo o dia, os profissionais de maior experiência nessa especialização odontológica. Os palestrantes falaram um pouco da realidade e experiência pessoal nesse tratamento, que exige um pouco mais do profissional.
No público, dentistas já atuantes que se interessam por essa especialidade e as peculiaridades que a envolve. O centro das palestras e das discussões são as formas adotadas e suas conseqüências na hora de atender um paciente portador do HIV, ou que sofre de alguma síndrome ou doença mental, ou com problemas neurológicos, por exemplo.
Durante a manhã um público de cerca de 60 pessoas compareceu às palestras sobre tratamento cirúrgico de deformidades faciais, imagineologia e a utilização de laser em pacientes especiais, e aspectos de interesse odontológico da paralisia cerebral.
Pela tarde o foco se instalou na questão da contenção química dos pacientes, isto é, no uso de medicamentos de forma a fazer com que os pacientes permitam o tratamento. Os métodos utilizados, quais suas conseqüências, questões éticas e de respeito ao paciente fizeram os ânimos se exaltarem na platéia de cerca de 50 pessoas. O uso de óxido nitroso foi o auge da discussão. A professora e cirurgiã dentista Gisele Carduz, uma das palestrantes, questionou seu colega de mesa José Ranaldi, professor de farmacologia da Unicamp, sobre o uso desse método e descreveu uma experiência particular de reação alérgica de uma paciente. A pergunta colocou no ar questionamentos como: até que ponto o dentista está preparado para agir em casos como esses e, principalmente, em condições específicas como no atendimento a esses pacientes especiais.
E é exatamente nesses pontos da apresentação que é alcançado o objetivo do evento, a troca de informações e de experiências condiciona um respaldo ao profissional que só representa benefício aos pacientes, que passam a contar com profissionais mais preparados. Segundo a professora da disciplina de Patologia Bucal da FO-USP, Marina Magalhães, “o profissional vem e fala o que dá certo e o que não dá. Espalha-se conhecimento e procura-se novas soluções pra tentar melhorar o atendimento”. Organizadora da jornada, Magalhães destaca que o atendimento a pacientes especiais “é uma área nova na odontologia, poucos são os cirurgiões dentistas que se dedicam a isso. Então quanto mais a gente debater, a gente discutir, mais o paciente vai lucrar”.
Exemplos como o da atuação Cape podem servir de modelo para que essa preocupação seja difundida pelo país e pela comunidade científica da área odontológica. A jornada é apenas um episódio dessa história que teve início nos anos 80 com as preocupações do professor Ney Soares de Araújo, do FO-USP, e que foi concretizado em 1989, ano de fundação do Cape.
Mais informações: http://www.fo.usp.br/cape.