ISSN 2359-5191

03/11/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 17 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Nova alternativa para recuperar solo contaminado com petróleo
Uso de bactérias existentes no próprio local possibilita amenizar problema

São Paulo (AUN - USP) - A recuperação de áreas contaminadas por gasolina, diesel e outros derivados de petróleo através do uso de bactérias encontradas no próprio solo em que ocorreu o vazamento é o foco principal de pesquisa realizada pelo Departamento de Metalurgia e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PMT-USP).

Apesar de bactérias já serem usadas para esse fim, a pesquisa ganha muito em importância porque visa à determinação da quantidade em que o benzeno, substância encontrada nesses derivados e altamente tóxica para os seres humanos, passa a ser nociva também para os microorganismos. “O benzeno é usado como alimento pelas bactérias, só que ao mesmo tempo é tóxico. É mais ou menos como o sal para o ser humano, a gente precisa dele no organismo, mas se você começa a comer em excesso, causa problemas”, comenta Marcia Bragato, aluna de doutorado da PMT-USP.

Além de provocar câncer, o benzeno é extremamente difícil de ser eliminado do solo, persistindo por muito tempo no ambiente contaminado. Daí deriva um dos motivos principais da escolha do assunto da tese. “Não existem estudos sistemáticos de como melhorar o processo de biorremediação, pois a maioria desses sistemas saiu da prática, não existindo um modelo, algo mais teórico nesse sentido”, explica Marcia.

O processo é desenvolvido para a remediação do solo no próprio local em que foi contaminado. Para reproduzir esse ambiente, foram construídas em laboratório doze colunas de vidro que contêm terra, bactérias e concentrações diferentes de benzeno. No laboratório, outras variáveis importantes para o desenvolvimento dos microorganismos, como temperatura e controle da entrada de nutrientes e de ar, permanecem constantes, pois nesse estágio da pesquisa, é analisada apenas a influência da concentração de benzeno no desenvolvimento das bactérias.

Por não precisar transportar o material para tratamento, o método traz uma grande vantagem, um pequeno impacto sobre as áreas vizinhas quando comparada à escavação, atividade que causa muito barulho e exige uma grande mobilização de pessoas para coleta, transporte e tratamento dos sedimentos.

Outro ganho no uso das bactérias nativas, conhecidas como indígenas, está no fato de que é um processo com pequeno impacto ao meio ambiente, pois não introduz organismos estranhos àquele solo, o que poderia posteriormente causar um desequilíbrio ambiental.

Apesar de ter muitos pontos a favor, a prática de biorremediação não é mais difundida por ser um processo de recuperação lento quando comparado aos demais.

Como a área de concentração dessas bactérias é maior na superfície do solo, a pesquisa restringiu-se à análise de 60 cm da camada superior. Apesar de parecer um universo muito restrito, passa a ser um espaço bastante importante por ser a parte em contato direto com o homem e por permanecer contaminada mesmo após os líquidos terem escorrido para zonas mais internas.

Mais informações: marcia.bragato@poli.usp.br

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