ISSN 2359-5191

24/05/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 24 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Pesquisadora investiga relação entre religião e cárie em crianças

Crianças cujo responsável não tem religião apresentam maior prevalência de cárie. Além disso, aquelas que moram em bairros com maior número de igrejas têm menos dentes lesionados pela doença. Essas são as conclusões de um estudo realizado na Faculdade de Odontologia (FO) da USP pela doutoranda Renata Saraiva Guedes. Sob a orientação dos professores Fausto Mendes e Thiago Ardenghi e participação de Chaiana Piovesan, a pesquisadora analisou dados de 639 crianças da cidade de Santa Maria/RS.

Renata explica que a relação entre a ocorrência da cárie e o contexto no qual o indivíduo está inserido já foi abordada em outros estudos realizados no exterior. “No Brasil, este é o primeiro trabalho que investiga a influência da religiosidade na saúde bucal de crianças pré-escolares”, diz.

O estudo foi feito de maneira multinível, o que implicou na avaliação não só do núcleo familiar da criança, mas inclusive de seu estilo de vida. Para isso, dividiu-se a cidade de Santa Maria em 15 setores para avaliar os pacientes. De acordo com Renata, a fragmentação da cidade permitiu que fosse avaliado, também, o modo como esse panorama poderia influenciar no modo de vida da criança. Ela explica:  “Coletamos muitos dados relacionados ao contexto, como número de igrejas e de supermercados, presença de grupos voluntários e de dentistas”.

As crianças foram escolhidas aleatoriamente e tinham de um a cinco anos de idade. Elas passaram por um exame a fim de medir a saúde bucal. Para avaliar a religiosidade, os pais responderam um questionário que observava se o responsável possuía alguma religião, qual seria e a frequência da prática. Segundo a pesquisadora, as perguntas foram elaboradas a partir de outro estudo já realizado.

Influência da religião

Os resultados foram obtidos a partir de programas de estatística. Dentre os diversos fatores analisados, a pesquisadora encontrou relação direta entre a maior prevalência da cárie em crianças cujas famílias não tinham uma religião. Ela completa: “não encontramos associação com com seitas específicas, mas o fato de ter ou não religião e o número de igrejas encontradas no bairro em que a criança vive”.

Renata supõe que a menor prevalência de lesões em bairros que tinham um maior número de igrejas seja por causa da integralidade das redes sociais. Ela propõe uma hipótese: “Pode ser que o convívio nas igrejas gere comportamentos e regras mais parecidos entre os indivídos”.

A pesquisadora credita a relação entre cárie e religiosidade ao “capital social” das pessoas. O conceito engloba uma série de elementos capazes de influenciar a vida das pessoas, como a interação entre os indivíduos, a cumplicidade e, inclusive, os próprios fatores socioeconômicos. “Acreditamos que, por causa dessas redes sociais, as pessoas tinham maior apoio social e informações mais adequadas, o que fazia com que elas tivessem escolhas mais saudáveis”, diz.

Outros fatores

A pesquisa detectou ainda duas outras associações de cunho social com a prevalência da doença cárie. Crianças cuja mãe tivesse baixa escolaridade apresentaram mais lesões do que as outras, resultado que, segundo Renata, “deve-se provavelmente à falta de informações sobre higiene e saúde bucal da mãe.”

O fator da renda familiar, por fim, influenciou de maneira inversa à doença. Desta vez, a renda maior resultou numa melhor saúde bucal. “O acesso ao dentista e aos materiais de higiene torna-se mais fácil e são um fator de proteção às crianças”, conclui.

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