Corporações modernas usam cada vez mais a tecnologia para aumentar sua competitividade, ao mesmo tempo, cada vez mais precisam de mão-de-obra qualificada, nesse contexto “...o profissional da informação tem papel fundamental”, diz Osmar Aparecido Machado, ao apresentar sua tese de doutorado “Qualidade da informação: uma abordagem orientada para o contexto”.
Machado, doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, comenta que motivado pelo contexto das novas tecnologias que possibilitaram um grande aumento na velocidade da comunicação escolheu o tema de sua pesquisa. Segundo o pesquisador objetivo foi: “compreender a relação dos profissionais e usuários com as dimensões da qualidade da informação", focando no “contexto de uso e na percepção que esses profissionais têm dessa qualidade” e finalmente “apurar uma classificação de dimensões a fim de trazer alguma contribuição as organizações”.
Machado considera que a maioria das empresas utiliza sistemas de informação. Esses são conjuntos de dados que ao serem organizados e estruturados transformam-se em informação que pode ser utilizada para ajudar na tomada de decisões por parte da organização. Entretanto, ele argumenta que há pouco estudos voltados à relação de desenvolvedores de sistemas e os usuários finais.
Para avaliar a questão dessa relação entre produtores e consumidores de softwares de informação Machado utilizou os conceitos de “valores esperados” e “valores percebidos”, sendo o primeiro o valor dado a expectativa do usuário perante determinada informação e o segundo ao valor dado após o uso da mesma. Também estipulou as seguintes “dimensões” (categorias em que uma informação pode ser avaliada): valor agregado, relevância, pontualidade e completude.
Com esses critérios estabelecidos, Machado definiu o grupo a ser estudado. Abrangeu todos aqueles que trabalham com a informação, dividindo-os em três categorias: a primeira são os produtores, responsáveis pela criação da informação e dos softwares da organização. A segunda são os gestores, responsáveis pelo ciclo de produção, armazenamento, manutenção e segurança de dados. A última categoria são os consumidores, pessoas que de fato utilizam os sistemas de informação nos negócios. O pesquisador aponta que estes, diferentemente dos gestores e produtores, podem não possuir uma formação profissional específica, podendo ter formações acadêmicas diversas ou mesmo nenhuma.
Machado então formulou um questionário abordando os pontos específicos da qualidade de informação e o enviou ao grupo-alvo definido. Participaram da pesquisa analistas, desenvolvedores, gestores e consumidores formados em administração de empresas e com diferentes perfis profissionais. Com o questionário, o pesquisador pôde avaliar se a percepção da qualidade de informação dos produtores e gestores estava de acordo com a dos consumidores.
As conclusões foram que os consumidores, em geral, atribuem menor valor as dimensões em comparação a gestores ou produtores. Entre esses últimos, os gestores mostraram um maior domínio das dimensões de avaliação da qualidade de informação. Machado especula que isso se deve a “visão de negócios mais apurada” do gestor em relação a do produtor, que tem uma visão mais técnica da produção da informação, ou seja, há uma distância entre gestores e produtores e ainda maior entre estes e os consumidores de informação nos ambientes organizacionais.
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