ISSN 2359-5191

07/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 32 - Ciência e Tecnologia - Escola de Artes, Ciências e Humanidades
Cérebro humano não se cansa, segundo pesquisador
O cansaço é um estado psicológico e está ligado a repetição e horário do dia

O sono e a cãimbra são respostas do nosso organismo às condições e ambientes em que somos expostos todos os dias. Não é a toa que a necessidade de descanso é uma demanda inerente ao ser e, se não cumprida, poderá acarretar problemas no futuro. Sobre esses e outros tópicos que o professor Luiz Menna-Barreto conversou com seus alunos do programa Universidade Aberta à Terceira Idade (Unati), em uma palestra intitulada “O cérebro humano e a fadiga”, que tentou responder a simples pergunta: “O nosso cérebro cansa?”.

Automaticamente todos somos levados a responder essa questão de forma afirmativa. Entretanto, devemos fazer algumas considerações antes do veredicto final.

“Se tem alguma coisa que produz o que a gente chama de cansaço cerebral é a repetição”, explica o professor. A ausência de novidade ocasiona o desaparecimento da atenção, o principal motivo das pessoas que dormem em transportes públicos, lendo um livro ou em aulas longas. A atenção só será recobrada com o elemento da surpresa, do novo. Como por exemplo:

Imagine uma linha do tempo, onde cada barra vertical significa um “click” e uma pessoa é colocada dentro dessa situação. Depois de um tempo, os “click” tornam-se indiferentes, por serem frutos de repetição. A atenção só será readquirida com a novidade, que neste caso, é a ausência do “click”. (foto e edição de Jeanine Carpani)

Mas, às vezes, mesmo estando extremamente interessados em um assunto, simplesmente não conseguimos nos concentrar. “Há momentos que a gente cochila com muita facilidade, e outras horas que é muito difícil dormir”, exemplifica Menna. Isso se dá pela diferenciação nos cronotipos, disposição inata da pessoa, que varia de um ser vivo para outro. “A gente chama de vespertino as pessoas que estão dispostas mais tarde, e matutinas as pessoas que esperam a padaria abrir de manhã”, brinca o professor. Então além da repetição, os horários do dia também influenciam na sensação de cansaço cerebral.

Porém, já foi comprovado pela ciência que o cérebro humano, órgão responsável pelos movimentos e por quase todas as atividades vitais à sobrevivência, nunca dorme. Quando adormecemos, o cérebro continua em plena atividade, podendo chegar a picos semelhantes de quando estamos acordados. Nesse período, o cérebro processa tudo aquilo que vivenciamos durante o dia. 

Assim, o cérebro nunca cansa e, sim, os nossos músculos. “A palavra cansaço se refere a um estado psicológico, algo que sentimos”, segundo Menna. Sentimos as pernas cansadas, por exemplo, e podemos afirmar isso por causa da reserva de energia que se esgota quando utilizamos de forma intensa os nossos músculos. E a persistência dá a cãimbra, “a expressão do estado de sofrimento da musculatura”, explica o professor.

O cérebro não se cansa porque não possui reservas de energia que se esgotam, como os músculos. Ele consome energia o tempo inteiro, e retira isso da corrente sanguínea, que por sua vez, recebe os nutrientes pela alimentação. “Se um neurônio ficar sem oxigênio e sem açúcar por alguns minutos, ele morre”, explica Menna. “E muitas vezes o resto dos órgãos se debilitam só para garantir que tenha glicose e oxigênio no sangue para alimentar o cérebro.”

O sono, ao contrário do que muita gente pensa, nunca é reposto. Um exemplo disso, lembra o professor, é o caso de Tony Wright, que entrou para o livro dos recordes “Guinness Book” por ficar 11 dias sem dormir. “Esse sujeito só dormiu 14 horas depois de ter ficado 11 dias sem dormir”, ressalta Menna-Barreto. Os prejuízos vão desde irritabilidade e insônia, até problemas cardiovasculares.

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