ISSN 2359-5191

11/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 34 - Educação - Escola Politécnica
Professora de Stanford questiona paradigma educacional
Em palestra na Escola Politécnica, Renate sugere uma alternativa ao modelo atual de educação

Salas de aula pequenas, professores com alto grau acadêmico, trabalhos teóricos e provas. São essas as bases do ensino praticado no Brasil e em boa parte do mundo. Comparado aos projetos de Renate Fruchter, parecem métodos arcaicos e ineficientes. A professora de Stanford e diretora do Project Based Learning Laboratory (PBL Lab), “Laboratório de Aprendizado Baseado em Projetos”, apresentou suas ideias em palestra recentemente realizada na Escola Politécnica.

Renate é fundadora do PBL Lab, que tem sede física em Stanford, e define seu projeto como: “Um sinergético programa integrado, multidisciplinar de desenvolvimento, pesquisa e educação”. Sua classes abrigam estudantes dos mais variados campos do conhecimento: design, engenharia, administração, ciências da computação e qualquer outra que segundo a norte-americana possa “nos ajudar a entender a complexidade do trabalho e aprendizado em equipe”.

O erro da multidisplinariedade

A professora argumenta que o sistema educacional hoje estabelecido tem um ideal especializador. São várias disciplinas espalhadas em “pequenos blocos de conhecimento” que cada indivíduo se restringe ao máximo para compreender. Contudo, os “problemas do mundo real” não se apresentam dessa maneira. Eles não aparecem definidos por um disciplina específica. No dia-a-dia eles são resolvidos por pessoas de várias disciplinas diferentes que trabalhando em conjunto.

É nesse ponto que, segundo Renate, o sistema atual falha. Para ela, estudantes hoje em dia são muito bem capacitados tecnicamente em sua própria área. Entretanto, pouco ou nada conhecem de outras áreas que inevitavelmente terão que conviver num ambiente profissional. O projeto da professora ataca justamente esse ponto.

Para a diretora do PBL Lab, o modo como as novas gerações estão aprendendo está mudando. Em 2012 a Universidade de Stanford teve sua primeira turma totalmente “nascida-digital” Plataformas de MOOCs (Massive Online Open Course) estão se tornando cada vez mais populares. Desde abril de 2012, quando o site Coursera foi lançado, já houve registros de mais de 2,8 milhões de estudantes, com mais de 1,4 milhão de matrículas de cursos mensalmente. Hoje “estudantes são mais espertos e sabem onde ir para achar o conteúdo. Isso, somado à “mobilização” da informação, à globalização e à “hiperconectividade”, essas são as evidências que a professora usa para questionar o paradigma educacional atual.

Discurso feito em uma das conferências do TED também questiona o modelo atual de educação

O projeto de Stanford

O carro chefe do projeto da pesquisadora tem como objetivo criar “radicalmente novas culturas de aprendizado” Para isso estudantes do mundo inteiro são reunidos em um concurso. Em duas ocasiões, uma para introdução e outra para a conclusão e premiação, os alunos são levados para Stanford. Todo o resto do projeto, que dura 6 meses, é feito online.

A tarefa dos alunos consiste em construir um modelo aplicável de estabelecimento comercial ou residencial com diferentes especialidades. Por exemplo, na temporada 2011-2012 o tema foi “biomimética” – copiar um mecanismo existente no reino animal e ou vegetal para solucionar um problema mecânico complexo. Os alunos são primeiramente apresentados a novas tecnologias como lousas interativas, onde seus desenhos podem ser modificados a partir de dados de construções reais. Depois, ao voltar aos seus países de origem, os estudantes são apresentados a um ambiente online completamente funcional (muito parecido com o jogo The Sims, um jogo digital que replica uma vida comum) onde podem construir e visitar seu estabelecimento em tempo-real, além de se comunicar por voz e vídeo.

Com essa nova abordagem, segundo a professora, as turmas têm atingido níveis de excelência enquanto convivem com diferentes especializações e culturas, diferentemente do sistema tradicional. O projeto vencedor do ano anterior é usado como base para o projeto do ano atual, desse modo, garante-se a alta qualidade. Por fim, ainda segundo a professora, a maior qualidade de seu trabalho de 23 anos é que ele pode ser aplicado em qualquer lugar do mundo e ela espera que assim seja.


Imagem dos vencedores do projeto 2012-2013

 

Para saber mais sobre MOOCs, ecesse o site do Coursera.

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