ISSN 2359-5191

18/06/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 39 - Sociedade - Escola Politécnica
Sensoriamento remoto facilita planejamento urbano
Trabalhando em parceria com a prefeitura de João Pessoa, pesquisadora da Poli reduz custos de pesquisa sobre uso do solo

Com cidades cada vez maiores e mais populosas, o planejamento urbano é imprescindível. Entretanto, para planejar, é necessário primeiro conhecer. Claudia Soares Aparecida Machado apresentou sua tese de doutorado Técnicas de sensoriamento remoto para identificação de áreas de concentração de polos geradores de viagens pensando justamente nisso. O trabalho foi orientado pelo professor José Alberto Quintanilha, do Laboratório de Geoprocessamento do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP.

“O crescimento urbano, que denota um aumento de quantidade, quase nunca vem acompanhado do desenvolvimento urbano”, diz Claudia para justificar a importância de sua pesquisa. A pesquisadora defende que o primeiro passo para solucionar um problema é reconhecê-lo, e, segundo ela, o problema está nos deslocamentos urbanos.

A solução do problema, segundo a engenheira, passa por ações de ordenamento do território e planejamento do uso do solo. Contudo, nas cidades, o uso do solo muda muito rapidamente e por isso manter uma base de dados para começar a pensar no ordenamento já é por si custoso. A pesquisa para saber como o solo urbano está sendo utilizado demanda pessoal qualificado, tempo e investimentos. “É nisso que o geoprocessamento atua, porque ele é uma maneira mais ágil e menos onerosa para construir e analisar a base de dados geográficos”, defende a doutora.

O trabalho teve como objetivo específico “a partir da classificação das imagens de satélite e sensoriamento remoto, mais análises espaciais, identificar áreas de concentração de origens e destinos de viagens urbanas”. Na literatura sobre o assunto duas abordagens para análise de imagens de satélite são adotadas. A abordagem para classificação de imagens baseada nos pixels utiliza apenas a informação espectral neles contida, enquanto que a abordagem baseada em objetos (agrupamentos de pixels com características semelhantes) se vale, além da informação espectral, das informações de contexto (geometria, forma, tamanho, topologia, textura, entre outras). A pesquisadora explica que, quando se trata de estudos urbanos a abordagem por objetos é a mais utilizada, por apresentar bons resultados. “Cada pixels de uma imagem reflete uma certa quantidade de energia eletromagnética referente aos comprimentos de onda do espectro eletromagnético, que vai desde a radiação ultravioleta até as ondas de rádio.”  

O trabalho na Paraíba

Para fazer sua tese, Claudia utilizou uma oportunidade surgida no município de João Pessoa, capital da Paraíba. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPQ) e Tecnológico organizava um projeto para estudar o espalhamento urbano e o aquecimento climático da cidade de João Pessoa que foi a “semente” para o tema de sua tese. O Institut de Recherche pour le Dévelopement, Espace Unit (IRD), da França, por intermédio do pesquisador Laurent Durieux, forneceu as imagens de satélite para as análises do projeto do CNPq e também da tese de doutorado.

A metodologia seguida por Claudia ramificou o estudo em dois macroprocessos (duas vertentes de estudo do caso). As análises espaciais e o sensoriamento remoto. Quanto as análises nos dados fornecidos pela prefeitura de João Pessoa e uma pesquisa reduzida realizada com moradores da cidade. Os dados forneceram à Claudia as linhas de transporte público e os pontos de ônibus, já a pesquisa deu uma ideia geral sobre os hábitos de transporte da população. Os dados obtidos da análise das imagens de satélite (o sensoriamento remoto) foram então comparados com esses dados fornecidos pela prefeitura.

O resultado da comparação e a conclusão do trabalho mostraram que os dados extraídos do sensoriamento foram próximos dos coletados empiricamente, demonstrando a viabilidade do método. Claudia ressalva, entretanto, que “a intervenção do analista é fundamental” para esse resultado positivo, pois pelas imagens de satélite é possível somente obter uma visão superficial de um estabelecimento, cabe ao analista a interpretação dos dados.

Durante o doutorado, a pesquisadora foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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