ISSN 2359-5191

18/11/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 19 - Educação - Instituto de Estudos Avançados
Demanda por vagas em universidade não pode ser controlada
De acordo com o economista Cláudio de Moura Castro, ensino industrializado seria a melhor solução

São Paulo (AUN - USP) - A expansão do ensino superior foi discutida no segundo evento da Temática Semestral “O desafio do ensino superior no Brasil” do Instituo de Estudo Avançados (IEA) da USP. Participaram da mesa Américo Kerr, Ernest Hamburger, ambos do Instituto de Física (IF-USP), o economista Cláudio de Moura Castro e o professor do Instituto de Ciências Biomédicas e coordenador da Temática, Gerhard Malnic.

Cláudio de Moura Castro estabeleceu uma analogia entre a revolução industrial e a reforma necessária na educação superior. Divide a educação em artesanal e industrial, ou tradicional e de massa. O ensino artesanal seria marcado pela excelência dos professores, o alto custo e o pequeno número de alunos. Este seria o modo de ensinar daquilo que chama de “instituições de elite” que são, segundo ele, “insustentáveis” caso a quantidade de alunos matriculados correspondesse à demanda.

Para o economista, o melhor modo de atender a essa demanda seria oferecer vagas em instituições diferentes das universidades de elite. A expansão seria inevitável, pois há uma enorme pressão política pelo aumento de vagas, tendência que caracteriza o ensino superior no cenário internacional atualmente. Moura Castro afirma que os EUA servem hoje como exemplo neste setor, por serem os mais bem sucedidos no processo de massificação e diversificação da educação.

As universidades públicas no Brasil são artesanais e incapazes de atender à demanda por vagas, diz Moura Castro. A saída seria instaurar um regime industrial de educação no nível superior e promover um aumento não apenas quantitativo, mas também qualitativo. Para o economista, trata-se de levar conhecimento a quem não possui e, portanto, essa reforma deve ser encarada como um aumento na qualidade média da educação.

Turmas grandes, divisão do trabalho, planejamento central das aulas, uso intensivo de tecnologia e preparação de professores, os quais segundo Moura Castro, não precisam ser brilhantes. Tudo isso deve formar um pacote coeso que possa ser propagado via franchising.

Já Américo Kerr critica o franchising previsto na educação industrial e que conecta esse modelo às instituições privadas. Essas prosperam quando o Estado é incapaz de oferecer vagas em cursos superiores. De acordo com Kerr, a privatização não resolve o problema da demanda por ensino, pois as escolas privadas atingiram o limite de matrícula de alunos que podem pagar por um curso superior.

Para Kerr, não é possível imaginar esse tipo de ensino de massa, por ser o ensino superior “artesanal em sua natureza”. Ressalta também que o uso das tecnologias como suporte é necessário. Entretanto, critica a aplicação de tecnologia como substituta de professores de alta qualidade.

Por sua vez, Ernest Hamburger destaca o problema da formação antes da entrada na faculdade. Para o físico, os professores secundários deveriam ter nível de doutorado. Hamburger afirma também que essa educação de massa não prevê o fim do problema do desemprego e que os estudantes deveriam ter seu potencial explorado fora das salas de aula como um meio de qualificação.

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