ISSN 2359-5191

18/11/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 19 - Sociedade - Instituto de Psicologia
Ato de protesto repudia mortes no centro
Manifesto em São Paulo relembra extermínio de moradores de rua e cobra maior empenho e atitude da sociedade civil e poder público contra a violência urbana

São Paulo (AUN - USP) - Na próxima semana, dia 26, ocorrerá um evento organizado por psicólogos e psicanalistas de São Paulo e Porto Alegre, para evidenciar e analisar atos de violência que têm saltado aos olhos da sociedade brasileira, principalmente após a morte de moradores de rua no centro da capital paulista. Com o título “Viver e morrer na cidade de São Paulo: o massacre no centro”, esta manifestação quer não só colocar novamente em pauta o assunto – já esquecido pela mídia – mas também mostrar total repúdio a esse tipo crescente de ocorrência registrada nos grandes centros urbanos.

“A idéia partiu de psicólogos indignados com o silêncio sobre essa questão”, conta Miriam Debieux Rosa, docente do Instituto de Psicologia da USP e uma das organizadoras do ato de protesto. “Este evento / manifesto tem como objetivo grifar, assinalar e rejeitar as práticas de extermínio que ainda perduram em nossa cidade e país”. Espera-se que a sociedade civil participe do ato, mostrando apoio incondicional na luta contra a violência urbana.

Haverá discursos, mesas de discussão e apresentação de vídeos – entre eles, gravações de uma ação de retirada de sem-tetos que invadiram um prédio. As pessoas da platéia também podem participar dos debates e proferir pequenas falas. O evento contará com a presença de acadêmicos e pesquisadores de Porto Alegre e São Paulo, diversas ONG’s e organizações governamentais – além de algumas figuras ilustres, como o jornalista José Arbex Júnior. Ao final, aqueles que quiserem podem assinar uma carta de protesto. Haverá, ainda, um evento para moradores de rua, na parte da noite.

“Queremos também evidenciar as formas de vidas múltiplas e variadas que continuam crescendo e se disseminando nas cidades brasileiras. (...) É preciso reconhecer esses mortos, homens e mulheres morando na rua, que foram enterrados como números, e, então, realizar seu luto coletivo, para que sua memória perdure como exemplo do intolerável”, diz trecho de documento escrito pelos organizadores.

Retrospecto cruel

Durante o mês de agosto deste ano, vários moradores de rua foram violentamente atacados a pauladas, enquanto dormiam no centro de São Paulo. Foram 15 vitimas, das quais sete morreram e oito ficaram gravemente feridas. Para a perícia, ficou claro que a intenção dos agressores era levar os sem-teto à morte. O poder público, a mídia e toda a sociedade se mobilizaram e juntaram esforços para resolver o caso. Mas, com o passar das semanas, ele foi perdendo força, e a mídia acabou por esquecê-lo – assim como a opinião pública em geral.

O mistério dos assassinatos durou até novembro. Só agora, quase quatro meses depois, a polícia concluiu o inquérito e chegou aos possíveis criminosos – dois policiais militares e um segurança particular. Ainda confusa e cheia de incertezas, a investigação atribuiu a razão dos crimes à venda de drogas na região, e o ministério público irá, nos próximos dias, encaminhar o inquérito à justiça para indiciamento dos suspeitos.

O evento acontecerá no dia 26 de novembro, das 10h às 13h, na sala B da Câmara Municipal de São Paulo (Viaduto Jacareí, nº 100).

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