ISSN 2359-5191

18/11/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 19 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Energéticas
Ipen desenvolve técnica para inspeção de material extremamente fino
Método criado por pesquisadores brasileiros obtém imagens de alta resolução irradiando objetos

São Paulo (AUN - USP) - A partir do estudo de um grupo de pesquisadores brasileiros, tornou-se possível captar imagens de altíssima resolução para inspeção em materiais extremamente finos, como papéis, notas de dinheiro, impressões digitais, folhas de plantas e culturas de bactérias. O trabalho foi coordenado por Reynaldo Pugliese, pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), autarquia do governo do estado de São Paulo ligada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).

“É uma técnica que possui alta sensibilidade e que nos dá imagens que técnicas convencionais não conseguem captar. Por exemplo, podemos observar com precisão marcas feitas em notas de dinheiro (como as marcas d’água, que servem para identificar possíveis notas falsas) que a olho nu ou em fotografias comuns seriam impossíveis de ser vistas”, explica Pugliese. Nas plantas, consegue-se observar claramente os nutrientes percorrendo o caule da folha. “E nas impressões digitais, há uma riqueza de detalhes maior do que em qualquer outro método. Daria para criar, por exemplo, um banco de dados”, adiciona o pesquisador.

Para a obtenção destas imagens, foi utilizada a técnica da Radiografia Induzida por Nêutrons (RIN). O que difere a aplicação deste tipo de radiação e os raios-X é a espécie de imagem produzida. Enquanto os raios-X contrastam materiais “pesados” dentro de materiais “leves”, a RIN faz o inverso.

Na fotografia obtida com feixes de raios-X, quanto mais radiação o material absorve, mais clara fica a imagem, de maneira que uma fissura num osso (por onde os raios passam direto) ou um componente de titânio (que não os absorve) ficam escuros na radiografia. Já na RIN, ocorre o inverso: compostos hidrogenados, que acima ficariam claros, com esta técnica se tornam escuros, pois, ao invés de feixes de raios-X, são irradiados feixes de elétrons e partículas alfa, obtidos a partir de nêutrons, produzidos no reator nuclear IEA-R1, do Ipen.

Recentemente, Pugliese, publicou, em co-autoria com um pesquisador suíço, artigo em revista especializada sobre a aplicação da RIN na identificação de notas na Suiça. E faz questão de dizer: “esta técnica foi desenvolvida aqui, no Brasil, no Ipen, com pesquisadores e materiais nossos. Nós aramos a terra, plantamos o grão, cuidamos do crescimento da árvore e agora estamos colhendo os frutos”, filosofa o pesquisador.

Mais informações:
Telefone: (0xx11) 3816-9178 E-mail: reynaldo@curiango.ipen.br

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